por Evandro Pinheiro – Presidente do Sitramonti-Ce
Recentemente a sociedade brasileira foi sacudida por uma greve de nove dias que parou o país. A greve dos caminhoneiros autônomos é o retrato da precarização das relações de trabalho no país, e na enorme fenda que a cada dia se aprofunda com a retirada de empregos formais que levam categorias inteiras ao jogo do “se vira nos trinta”, buscando seu ganha pão na informalidade ou na tentativa de empreender, sem que acha formação, mercado ou estrutura suficiente para essa verdadeira aventura de tentar ser patrão sem ser.
Assustada com o enorme fluxo de informações e sem compreender melhor quem seriam os manifestantes, a sociedade, com um incentivo extra da grande mídia, passou a conjecturar sobre os trabalhadores e quem “estaria por trás” dos movimentos. Além disto, uma significativa quantidade de aproveitadores, seguidores de candidatos e de ideais fascistas passaram a se aproveitar das mobilizações.
Fez-se um cenário de incerteza e até de medo.
Mas com o quadro atual do país, tanto econômico quanto político, a possibilidade de greves de igual porte é inevitável. Ninguém impede que um trabalhador em desalento tome para si o curso de suas lutas. E não tardam os efeitos da reforma Trabalhista implementada pelo governo golpista, nem os efeitos dessa política econômica desastrosa que, por enquanto, o mesmo governo tenta maquiar nas mídias.
Quando a fome bater a porta, quem vai saciar?
O patrão pode achar que teve uma vitória ao retirar a contribuição sindical, acabando assim, com o sindicato representativo.
Mera ilusão! Além de enfraquecer suas próprias entidades representativas, o golpe e a reforma retiram da equação figura do mediador/negociador.
As greves agora vão acontecer mais violentas e sem qualquer comando. Sem lideranças representativas, não há acordo e cada um dos setores de atividade podem ficar em xeque.
Sem acordo, mesmo que momentaneamente o fogo fique adormecido em brasas. As labaredas podem subir novamente com mais intensidade. E cada vez mais, seguem os ataques as entidades sindicais.
A pesquisa Datafolha, publicada no dia 30 de maio, informou que 87% dos trabalhadores apoiaram a greve dos caminhoneiros, deixando claro a insatisfação social que assola o país. O que virá desta enorme panela de pressão de revolta?
Os trabalhadores da montagem e manutenção do Ceará sabem que tem um sindicato ativo e combativo. Estaremos atentos as lutas que estão por vir.
Evandro Pinheiro – Presidente do Sitramonti-Ce