“No dia de sua posse, a presidente Dilma anunciou que o Brasil seria a Pátria Educadora. Estava indicando que a Educação seria eixo fundamental do seu segundo governo. Educação básica, educação técnica e educação superior.
Porém, com a crise e o ajuste fiscal, essa meta ficou prejudicada. Aliás, o próprio Ministério da Educação se mostra em segundo plano, pois em apenas um ano viu Mercadante assumir a Pasta, depois ocupada por Janine Ribeiro e, meses atrás, voltar a ser conduzida pelo mesmo Mercadante.
No Estado de São Paulo, o governador Alckmin também põe a Educação em segundo plano ao tentar fechar um grande número de escolas. O mesmo governador não tem conseguido estabelecer uma relação trabalhista tranquila com o professorado, fato que gera seguidas e prolongadas greves.
Nessa conjuntura, a única notícia boa na Educação é que o governo federal aumentou o Piso do professor para R$ 2.135,64, superando a inflação do período. Vale lembrar que o professor – uma das profissões mais importantes da história – só foi conquistar Piso salarial em 2008, no governo Lula. Mesmo assim, em se falando de Pátria Educadora, eles merecem muito mais.
Na verdade, a Educação nunca foi assumida por nossos governantes como prioridade de seus projetos. Com uma única exceção, que merece registro. A exceção é Leonel Brizola, o líder trabalhista que defendia a Educação e investia maciçamente no setor. Brizola governou o Rio Grande do Sul entre o final dos anos 50 e começo dos 60. Lá, construiu a impressionante marca de 6.311 escolas – destas, 5.902 primárias, 278 técnicas e 131 ginásios.
Ao governar o Rio de Janeiro, duas vezes, nos anos 80, construiu cerca de 500 Cieps, escolas grandes, em período integral. Para se ter ideia do investimento, basta dizer que Brizola empenhou 52% do orçamento do Estado em Educação, incluindo os Cieps (projetados por Oscar Niemeyer), a reforma de todas as escolas da rede estadual e a melhoria salarial dos professores.
Fiz questão de escolher o tema Educação pela sua inquestionável importância social e estratégica e também a fim de mostrar que dá pra fazer, desde que exista vontade política. Pátria Educadora não pode ser apenas um slogan. Ao tratar do tema, quero homenagear também o gaúcho de Carazinho, órfão de pai, engraxate, operário braçal, engenheiro e governador de dois Estados.
Brizola faria 94 anos sexta, dia 22. Considero que o Brasil jogou fora uma grande oportunidade, quando, em 1989, levou Collor e Lula ao segundo turno. Brizola era da Internacional Socialista e ligado aos políticos mais avançados da época, como Willy Brandt, Mário Soares e Nelson Mandela. Teria feito o País avançar.
Os homens passam, os exemplos ficam. Viva Brizola”.
Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 20 de janeiro de 2016.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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