Valor Econômico
Um ano e meio depois da última reunião, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social volta a se encontrar hoje com a cobrança, entre seus integrantes do setor privado, para que o intervalo entre os encontros seja mais curto e que tenham desdobramentos práticos, além das discussões sobre conjuntura. Na lista com cerca de 90 convidados, que até a noite de ontem não havia sido divulgada pelo Planalto, estão empresários, sindicalistas, representantes de entidades sociais e da sociedade civil.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, a dinâmica do ‘Conselhão’ precisa ser aperfeiçoada, para que as sugestões consigam ser convertidas em propostas efetivas. “A periodicidade pode ser mais curta, com trabalhos em grupos, comissões para temas específicos”, diz. Entre as demandas da entidade, ele adianta, estarão um programa de renovação da frota nacional de veículos, a formulação de modalidades de financiamento para a indústria e um conjunto de incentivos à exportação.
O presidente do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), José Antônio Moroni espera que os encontros recuperem o protagonismo dos anos Lula. “Tínhamos no mínimo três reuniões por ano e uma dinâmica dos grupos de estudo, que se aprofundavam em temas, educação, infraestrutura”. Parte das discussões sobre a política de valorização do salário mínimo aconteceu no âmbito do colegiado, destaca o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, que participa dos encontros desde 2009, lembra que eles eram um espaço importante de diálogo. Se tiver chance de se manifestar, diz, reforçará que o movimento trabalhista é contrário a medidas que representem retirada de direitos.
O tema também tomará parte dos cinco minutos de fala que foram prometidos ao presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Miguel Torres, ao lado de propostas como a retomada da economia pela geração de emprego e a correção da tabela do Imposto de Renda. “Esse fórum pode ser muito importante. O governo tem chance de avançar em propostas com apoio da sociedade”.
Os participantes de diferentes áreas, destaca o presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Adilson Araújo, podem contribuir para a formulação de medidas emergenciais para tirar o país crise. Carina Vitral, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), vai sugerir que o governo “paute a economia, em vez de ser pautado por ela”: “A juventude foi uma das maiores beneficiadas com as políticas sociais, como o Prouni, o Fies, as cotas. Mas isso não significa que seremos eternamente gratos ao governo. Queremos saber qual o próximo passo, a nova agenda que o governo vai oferecer, principalmente para estudantes de baixa renda”.