Por Aparecido Inácio da Silva
A luta, via da negociação da PLR (Participação nos Lucros ou Resultados), iniciada em 2011 pelos metalúrgicos de São Caetano do Sul e de outras regiões do país, vai servindo de baliza para que outras categorias profissionais venham a trilhar esse mesmo caminho em busca de maior participação na riqueza produzida.
O acesso a um valor da PLR vinculado ao estabelecimento de metas realistas, em consonância com a capacidade física e mental dos trabalhadores, em muito contribui como fator dinamizador da economia nacional, uma vez que ao se mobilizar para alcançar resultados nas condições apresentadas estamos na verdade fazendo com que a renda seja distribuída, além de injetar no mercado de consumo dezenas de milhões de reais e, assim, fazendo girar a roda de uma economia que não para de crescer.
Com a economia aquecida, estão dadas as condições para a geração de novos empregos, de novas oportunidades de trabalho a milhares, senão milhões de brasileiros e brasileiras. Especialmente agora que muitos dos parceiros comerciais do Brasil reduzem suas exportações em função da situação de crise que enfrentam. Portanto, o alargamento do nosso mercado interno torna-se o fator primordial para que o desenvolvimento econômico e social interno ganhe sustentabilidade e demonstre que não se trata de algo passageiro e sim de uma mudança de rumo, sem retorno as condições de estagnação vistas e sentidas por nós, brasileiros, em passado ainda não tão distante.
Pesquisa recente realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) revelou que a juventude brasileira na faixa etária dos 15 aos 17 anos está adentrando ao mercado de trabalho um pouco mais tarde em relação ao que ocorreu com seus pais. Isto se deve a necessidade de se qualificar melhor frente à competição por melhores empregos, mas, a razão fundamental é a melhoria das condições materiais das famílias, em termos de renda. O que permite que os pais ofereçam condições para que seus filhos permaneçam mais tempo na escola.
No nosso entendimento o fator econômico é neste caso determinante, visto que com renda precária essas possibilidades tendem a desaparecer. E, mais uma vez, a ação sindical realizada por diversas categorias profissionais pelo Brasil afora e voltada para a conquista de aumento salarial, incluindo a PLR, acabam por contribuir com desenvolvimento nacional e, por distribuir renda e assegurar direitos, promovem bem estar e justiça social.
Aparecido Inácio da Silva é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul e mestre em Direito do Trabalho pela PUC/SP.