DA SUCURSAL DO RIO
Sob o impacto da concessão de férias coletivas não-programadas em vários setores, o número de horas pagas destinadas à produção da indústria caiu 1,7% em novembro na comparação livre de influências sazonais com outubro.
Trata-se da maior retração da série histórica da pesquisa do IBGE, iniciada em 2001. Em outubro, o indicador já havia registrado queda, de 0,3%.
De acordo com Fábio Romão, especialista em mercado de trabalho da LCA Consultores, tais resultados sinalizam um forte esforço das companhias para reduzir estoques -elevados desde o recrudescimento da crise, em setembro, por causa da freada do consumo.
O fraco desempenho, segundo ele, aponta ainda para futuras demissões. Se o ajuste nos estoques não tiver sido suficiente, afirma Romão, o próximo passo será demitir -decisão já tomada por empresas de diversos setores.
Segundo o IBGE, “as paralisações da produção e as férias coletivas não-planejadas, que marcaram o setor industrial desde outubro, estão na base da variação negativa recorde” do total de horas pagas.
Para Denise Cordovil, do IBGE, as horas pagas são a variável do mercado de trabalho industrial que acompanha mais de perto a evolução da produção das fábricas. É que as companhias sempre tentam, primeiro, cortar horas extras antes de iniciar as demissões.