Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Para onde estamos caminhando?

O IBGE divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor , o INPC de março, e era o que faltava para calcular a inflação acumulada desde o último reajuste que, no ano passado, também foi concedido no mês de abril. Hoje o Diário Oficial da União publica a portaria que oficializa o reajuste. Mas, como o ministro da Previdência é um homem do diálogo, formado nas portas de fábricas do ABC, acredito que a medida não tenha partido dele. Porque um reajuste pífio de 3,3% mal dá para cobrir o que o trabalhador perdeu neste período.

É de se perguntar ainda para onde estamos caminhando. Se o governo concede esse índice vergonhoso para os aposentados e privilegia quem ganha muito, daqui a pouco estaremos assistindo uma cena cruel: todos os aposentados ganharão apenas o piso. Não se pode levar em consideração o salário dos aposentados fazendo uma relação com o ganho dos demais trabalhadores que estão na ativa. Isso por um simples motivo: os aposentados são a parcela da população brasileira que mais consome remédio. Sabemos quanto os remédios sobem seguramente muito mais do que a inflação.

Deputados querem que o governo Lula conceda um aumento para ele próprio de 83%. Já para seus bolsos, os senhores deputados e senadores querem aumento de 26,5% para, segundo eles, reparar a inflação dos últimos 4 anos. Se fizermos um cálculo das perdas que os aposentados tiveram neste mesmo período vamos ver que eles perderam muito mais do que isso.

Um trabalhador que se aposentou em maio de 1997 com 7 salários mínimos, na época R$ 840,00, a partir de abril de agora passa a receber R$ 1.782,14, o que equivale hoje a pouco mais que 4 salários mínimos. Dez anos atrás ele pagava pelo teto, mas acabou não se aposentando por este teto. A primeira redução em seu ganho se dá, portanto, quando o trabalhador se aposenta. O governo está adotando uma política que faz com que o trabalhador que ganha menos um dia acabe na miséria enquanto os ricos ganham cada vez mais. É de doer.

Opinião publicada no Jornal Diário do Comércio- Edição de 16/4/2007