Virgínia Silveira e Fernando Taquari
Para o Valor, de São José dos Campos e de São Paulo
A Petrobras voltou a ser um dos temas principais da campanha eleitoral do PT. Durante sua última visita a uma refinaria, antes do encerramento do seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem que a Petrobras que “muita gente tentou vender e mudar o nome dela”, se transformou na segunda maior empresa de petróleo do mundo, graças aos investimentos e a política de incentivo ao desenvolvimento da sua capacidade tecnológica feitos nos últimos oito anos.
Segundo Lula, nesse período foram investidos US$ 23 bilhões na modernização das 11 refinarias brasileiras e esse valor deverá atingir US$ 50 bilhões com a construção de outras quatro refinarias e também com o pólo petroquímico do Rio de Janeiro. Lula fez questão de comentar que quando assumiu o governo, o valor patrimonial da Petrobras era de pouco mais de US$ 15 bilhões e hoje já está na casa dos US$ 220 bilhões. “Na década de 50 diziam que o Brasil não tinha que se meter em procurar petróleo e o país saltou de 181 mil barris por dia para 2 milhões de barris por dia”.
O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, negou que houvesse um plano estruturado para o desmantelamento da companhia na gestão do PSDB. “Havia sim um conjunto de iniciativas que levariam a uma provável inibição do crescimento da companhia. Uma ameaça de morte por inanição”, explicou.
Gabrielli disse que uma dessas ações estavam relacionadas às áreas de exploração de petróleo. “A empresa estava inibida de participar de leilões para a aquisição de novas áreas. Depois que assumimos a presidência passamos a ter uma participação mais ativa nos leilões e com isso ampliamos as áreas exploratórias da companhia.
O executivo também mencionou que antes de o atual governo assumir a Petrobras, os investimentos foram drasticamente reduzidos.
Durante seu discurso na Revap, ontem, Lula lembrou que estaria deixando o governo em 73 dias. “Saio daqui com a sensação de dever cumprido e de ter criado a mais importante relação que um presidente já teve com o movimento sindical e empresarial do país. Fiz uma relação extraordinária com os catadores de papel e com os trabalhadores rurais. Fizemos muita coisa, mas ainda há muito a ser feito”, finalizou.
Muito aplaudido pelos 1,5 mil funcionários da refinaria e por outros 1,5 mil contratados para a obra de modernização da Revap, Lula disse que em apenas oito anos não dá para consertar os desmandos de 500 anos na parte mais pobre da população do país: “Quando eu entregar a faixa no dia 31 de outubro, eu serei o presidente da República que mais fez universidades na história desse país. São 14 federais novas, 126 extensões universitárias pelo interior do país e 214 escolas técnicas. Em oito anos fizemos uma vez e meia tudo que foi feito em 100 anos.”
Quando uma parte dos operários da Revap começou a gritar “fica Lula” e a outra o nome de Dilma para presidente, Lula calmamente pediu para que não continuassem, pois estava participando de um ato institucional. “A gente não pode falar de campanha. Depois alguém escreve uma matéria e vem um processo contra mim”.
À noite, em São Paulo, onde participou de premiação às “100 empresas mais admiradas”, da revista “Carta Capital”, o presidente fez uma série de críticas à imprensa e às promessas do candidato tucano, José Serra. Ele se referiu, especificamente, ao compromisso firmado pelo tucano de aumentar as aposentadorias e o salário mínimo para R$ 600, sem citar o nome do candidato. “Enquanto a classe política não perder o medo da imprensa, não teremos liberdade de expressão.”