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Para economistas, desaquecimento já teve início

O desaquecimento da economia brasileira, ainda que mais ameno, não só vira como já começou, dizem os economistas. Nas projeções, o crescimento de 5% projetado para este ano dará lugar a um ritmo mais suave, entre 3,5% e 4,5% em 2009, uma retração que pode chegar a até 1,5 ponto percentual. No ciclo de 2004, o Produto Interno Bruto (PIB) passou de um crescimento de 5,7% naquele ano para 3,2% no ano seguinte, um recuo de 2,5 pontos percentuais.

Fernando Montero, da corretora Convenção, considera que a economia já dá alguns sinais de desaceleração. O PIB trimestral, que cresceu a uma média de 1,5% no ano passado, deve avançar 1% por trimestre neste ano, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal. Montero acredita que, no segundo trimestre do ano, o crescimento ficou em 1,2%, comparado ao mesmo intervalo do ano passado, o que representa uma aceleração em relação ao 0,7% de expansão do primeiro trimestre deste ano, apesar da alta de juros iniciada em abril.

Para o economista, o crescimento neste ano deve ficar na casa de 5%, mesmo com a desaceleração a caminho, por causa da herança estatística (o chamado “carry over”) elevada que 2007 deixou para 2008, de 2,5 pontos percentuais. Isso significa que, mesmo se a economia não crescesse nada neste ano em relação ao quarto trimestre de 2007, o PIB já avançaria 2,5%.

Montero afirma ainda que vários fatores pressionarão a atividade econômica neste semestre, como os juros mais altos, o nível elevado de endividamento das famílias, a inflação que come parte da renda e a menor confiança, afetada pela política monetária apertada e os índices de preços mais altos. “Todos esses fatores levam tempo, mas, como o impacto da política monetária, também os efeitos são cumulativos e duradouros”, pondera.

Paulo Pereira Miguel, da Quest Investimentos, que projeta crescimento de 1% para o PIB no segundo trimestre, também prevê desaceleração da economia já neste terceiro trimestre como efeito da política monetária, mas de forma mais gradual e menos intensa que em ciclos anteriores. “O ciclo monetário e alguns fatores que apresentam menos exuberância em relação ao ano passado vão começar a ficar evidentes”, afirma. Ele cita entre os fatores uma tendência mais forte de restrição ao crédito, elevação em custos de mão-de-obra e insumos e a desaceleração da economia global. À exclusão da China, outros países como Estados Unidos, países da Europa e Ásia estão em processo de desaceleração importante, observa. “Todos estão reduzindo suas expectativas de crescimento econômico e a acomodação nos preços das commodities tem a ver com isso. É um efeito desacelerador e que, somado à política monetária, em algum momento vai afetar o Brasil”, diz Miguel.(CB e SL)