Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Para CNI, bancos estão retraídos

Linhas estão sendo repostas em nível muito pequeno, diz Monteiro Neto

Renata Veríssimo

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto, afirmou ontem que os bancos não estão usando os recursos que deixaram de recolher no Banco Central como depósito compulsório para abrir linhas de crédito para o comércio exterior. “Essas linhas estão sendo repostas em um nível muito pequeno”, afirmou.

Segundo ele, as linhas estão reduzidas a 20% do que eram antes do agravamento da crise financeira internacional, que provocou uma redução de liquidez no sistema bancário.

“Os bancos estão com um encaixe maior por causa da redução do compulsório, mas precisam liberar os recursos. O compulsório foi reduzido para irrigar o mercado e os bancos estão muito retraídos”, afirmou antes de participar de audiência com o procurador-geral da Fazenda Nacional, Luís Inácio Adams.

Desde o início do período mais grave da crise financeira internacional, há um mês, o Banco Central já alterou seis regras relacionadas ao recolhimento compulsório, o depósito obrigatório que as instituições financeiras têm de fazer junto à autoridade monetária.

Ao reduzir o compulsório, o BC libera recursos para que os bancos possam emprestar para as empresas e pessoas físicas. O BC anunciou nesta semana que poderá liberar até R$ 100 bilhões em compulsórios para melhorar a liquidez do sistema financeiro.

Na avaliação do presidente da CNI, a crise do sistema financeiro internacional só vai contaminar a economia real do País se não houver liquidez no mercado, daí a preocupação com a escassez de crédito. “Estamos conversando com as autoridades para chamar a atenção para este ponto.”

Segundo Monteiro Neto, algumas empresas estão com “aperto” no caixa, mas ele classificou de especulação a notícia de que 200 empresas brasileiras enfrentam dificuldade por causa da chamada “bolha cambial”.

De acordo com fontes do governo, essas empresas teriam sofrido graves prejuízos por terem feito operações arriscadas apostando na manutenção da queda do dólar, movimento que foi revertido nas últimas semanas. “Não tenho idéia de quanto é, mas está muito longe de serem 200 empresas”, afirmou Monteiro Neto.

Ele disse que confia na estabilização do dólar “em um patamar razoável”. Embora não faça previsões sobre a cotação do dólar, disse que a moeda americana não deverá ficar no nível do período mais crítico da crise, na semana passada, quando atingiu mais de R$ 2,40.

Ele avaliou que a forte volatilidade no câmbio ocorrida na semana passada foi um movimento relacionado ao momento da crise. “Tem analista projetando que o dólar estará a R$ 1,85 no fim do ano”, comentou.