Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Blecaute teria sido causado pela queda de linha de transmissão de energia em Itaipu. São Paulo foi atingida pelo apagão às 22h15; semáforos, metrô e trens pararam de funcionar, houve arrastões e a PM ficou sem comunicação

A queda de uma linha que transmite energia da Hidrelétrica de Itaipu, no Paraná, tirou todos os 14 mil megawatts gerados pela usina do sistema elétrico e provocou um blecaute em pelo menos 12 Estados brasileiros e no Paraguai na noite de ontem. Nas ruas, principalmente da Região Sudeste, houve muita confusão. Em São Paulo, acidentes, semáforos desligados, assaltos em várias ruas e avenidas e a falta de informação deixaram o paulistano mergulhado no caos desde 22h15, quando a cidade ficou no escuro. Nos gabinetes de Brasília, ainda se buscavam as causas do problema no fim da noite.

O problema mais grave ocorreu no Rio, que ficou totalmente sem luz. Além disso, o apagão atingiu partes de São Paulo, Acre, Espírito Santo, Minas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Rondônia e Roraima e do Paraguai. Até zero hora de hoje, o sistema permanecia intermitente e havia falhas pontuais em outros Estados.

“Houve um desligamento completo de Itaipu”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Os últimos apagões no País ocorreram em 2005 e 2007, atingindo o Espírito Santo e o Rio.

A causa do blecaute de ontem ainda não foi diagnosticada, mas, segundo Lobão, os técnicos também acreditam que algum problema atmosférico, como raios ou tempestades, tenham motivado a queda. Pouco mais de uma hora após o início do apagão, registrado por volta de 22h15, o ministro disse que estava convencido de que a situação seria normalizada ainda durante a madrugada. “Esta noite deveremos ter resolvido isso”, disse. Segundo ele, àquela altura a energia já havia começado a ser religada ao sistema.

A falta de luz afetou sistemas essenciais. Em São Paulo, a Polícia Militar só contava com um gerador para atender as emergências do 190. O maior centro médico do País, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), operava com geradores movidos a óleo.

A assessoria de imprensa de Itaipu informou que as máquinas da hidrelétrica se desligaram automaticamente por volta das 22h20 – procedimento padrão sempre que há algum problema. Segundo a assessoria, os indícios não apontam problemas na usina. Mesmo assim, às 23h25 os técnicos tentavam religar as máquinas.

Pode ter havido dois problemas: interrupção nas linhas de transmissão de Furnas ou problemas em algumas das subestações, que convertem a energia do Paraguai para o Brasil.

Se a queda de energia foi causada por falhas nas linhas de transmissão, o problema pode demorar para ser solucionado. A assessoria de Itaipu estimava em até três dias. Os técnicos teriam de percorrer todo o sistema (são cerca de 1.000 km de linhas de transmissão) para descobrir o foco do problema. Se a pane foi em alguma das subestações, os técnicos precisam descobrir o que provocou a falha. Itaipu é responsável por 20% da energia elétrica utilizada no Brasil.

Tempo

Houve temporal ontem em parte do Paraná e São Paulo, nas regiões de Itaipu e por onde passam as linhas de transmissão. Segundo o Instituto Tecnológico Simepar, em Foz do Iguaçu, houve chuvas e ventos que chegaram a 46 km/h das 11 às 14 horas. Por volta das 22 horas, quando ocorreu o problema, não havia chuva nem raios na região de Foz. Houve tempestade na divisa do Paraná com São Paulo, próximo ao município de Itararé, na região Sudoeste do Estado. Na região de Jaguariaiva, no Paraná, a cerca de 50 km da divisa com São Paulo e região por onde passam as linhas de transmissão que levam a energia de Itaipu para São Paulo, no horário da queda de energia houve ventos de até 70 km/h, chuva forte e raios.

FORNECIMENTO

20 POR CENTO da energia elétrica usada em todo o País é gerada pela hidrelétrica de Itaipu

VENTOS FORTES

46 KM/H foi a velocidade do vento que atingiu Foz do Iguaçu na tarde de ontem

PARTICIPARAM DESTA COBERTURA: BRUNO TAVARES, CRISTIANE BOMFIM, EDUARDO REINA, FABIANE LEITE, FELIPE GRANDIN, FERNANDA ARANDA, HUMBERTO MAIA JUNIOR, ÍSIS BRUM, JOSMAR JOZINO, LEANDRO CALIXTO, LEONARDO GOY, LUÍSA ALCALDE, MARCELA SPINOSA, MARCELO GODOY, MARIANA LONDRES, NAIANA OSCAR, RENATO ANDRADE, RODRIGO BRANCATELLI, VALÉRIA FRANÇA E VERÔNICA DANTAS