O trabalhador brasileiro deve ser a Geni da salvação de todos os rombos, desfalques, solução para a recomposição dos desvios de dinheiro público. Já limitaram o seu acesso ao seguro-desemprego, mexeram na pensão por morte e no abono do PIS (MPs 664 e 665), querem impor uma idade mínima para aposentadoria, aumentar o tempo de contribuição para o seu recebimento e diminuir a diferença entre o tempo de contribuição para homens e mulheres. Agora estão mirando no auxílio-doença e na aposentadoria especial, para tirar direito de professores e sacrificar trabalhadores que exercem atividades de risco ou estão expostos a agentes nocivos à saúde e que hoje podem se aposentar mais cedo, como metalúrgicos, químicos, trabalhadores submetidos a refrigeração e calor intensos, e tantos outros.
Será que acham isso um privilégio, uma mordomia? Repudiamos as propostas de reforma da Previdência Social que só têm interesses financeiros e alertamos para o agravamento do quadro social do país, para um retrocesso fortíssimo rumo à exclusão. O Estado não pode ser irresponsável a tal ponto e jogar milhões de cidadãos e cidadãs deste país à própria sorte. Em meio às condições implementadas pela burguesia, detentora dos meios de produção e riqueza, o direito trabalhista e previdenciário avançou e tornou-se mais humano, não podemos regredir.
A aposentadoria especial é um direito adquirido após a morte e a invalidez de milhares de trabalhadores que foram submetidos a condições precárias dos ambientes de trabalho. Defendemos, sim, o combate rígido às fraudes e punição aos fraudadores. Mas qual é o critério para tirar mais direitos dos trabalhadores? Apenas o caixa? Daqui a pouco não teremos mais nem direito de se aposentar. Parece que o saco de maldade dos conservadores não tem fundo.
Miguel Torres
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes e da CNTM e vice-presidente da Força Sindical
Artigo publicado no Diário de S.Paulo – edição de 6 de julho de 2016