Com produção de 2 milhões de veículos até julho, Brasil ultrapassa a França no ranking mundial do setor
Cleide Silva
A indústria automobilística produziu, em sete meses, 2 milhões de veículos, volume equivalente à produção total de 1997, ano que motivou a instalação de uma leva de novas montadoras no País. Com resultados recordes neste ano, o Brasil subiu mais um degrau no ranking mundial e passou a ocupar a sexta posição entre os maiores fabricantes de carros, ultrapassando a França.
No ano passado, o País já havia deixado a Espanha para trás ao ocupar a sétima posição na lista, que traz no topo o Japão (com 6,06 milhões de veículos), seguido por China, Estados Unidos, Alemanha e Coréia, segundo dados do primeiro semestre.
Julho foi o melhor mês da história para as montadoras brasileiras em produção, com 320,1 mil unidades, e em vendas, com 288,1 mil unidades. No acumulado dos sete meses, os resultados também são recordes, com vendas de 1,695 milhão de veículos – 30,4% mais que em igual período de 2007 – e produção de 2,012 milhão de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, alta de 21,8% ante 2007. No ano passado, essa marca foi atingida no mês de setembro e em 2006 e 2005, em outubro.
As exportações somam 445,5 veículos de janeiro a julho, com queda de 3,3% ante o ano passado, reflexo da redução de encomendas do México, da Venezuela e de países europeus, segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider.
Em valores, o resultado das exportações é 9,5% melhor que o de 2007 e soma US$ 8,11 bilhões. Schneider explica que esse desempenho reflete a recuperação de preços em alguns mercados e o aumento da venda de produtos de maior valor agregado, como tratores e ônibus.
Para ele, o crescimento do setor será menos intenso no resto do ano, em parte por causa do impacto da alta dos juros nos financiamentos – que, aos poucos, será repassada aos consumidores – e porque a base comparativa do segundo semestre do ano passado é mais alta.
“Não podemos continuar crescendo a um ritmo de 30% sempre”, diz. Segundo Schneider, seguir essa cadência seria risco para a cadeia produtiva, principalmente fornecedores de peças, pois investimentos para a ampliação da capacidade necessitam de um certo tempo de maturação.
A previsão das empresas para o ano todo é de aumento de 24,2% nas vendas, para 3,06 milhões de carros, e de 15% na produção, para 3,42 milhões de unidades, volumes jamais alcançados.
As montadoras têm capacidade produtiva para 3,85 milhões de veículos este ano e 4 milhões em 2009. “Novos investimentos serão anunciados nos próximos meses”, avisa Schneider. Neste ano, até o momento, estão previstos US$ 4,9 bilhões em investimentos diretos, a maior parte para ampliação de capacidade e novos produtos.
O nível de emprego nas empresas automobilísticas fechou julho com 129,4 mil funcionários, o maior quadro de pessoal desde 1990, quando a indústria empregava 138,3 mil pessoas. Neste ano foram abertas 9,1 mil vagas.
MÁQUINAS AGRÍCOLAS
O segmento de máquinas agrícolas também segue aquecido, puxado pela safra recorde. De janeiro a julho, as vendas cresceram 50,8% ante o mesmo período de 2007, com 30,4 mil unidades. A produção aumentou 34,8%, para 47,4 mil tratores, cultivadores e colheitadeiras, e as exportações, 22,8%, com 17,3 mil unidades.