Por João Guilherme Vargas Netto
consultor de entidades sindicais de trabalhadores
A Fitmetal, confederação de trabalhadores metalúrgicos que integra o Brasil Metalúrgico, lançou durante o Fórum Social Mundial a revista “Indústria, Desenvolvimento e Trabalho” uma publicação especial sobre a indústria brasileira e a categoria metalúrgica.
São inúmeros textos altamente qualificados em que os autores, ao valorizarem a ação sindical, denunciam a desindustrialização precoce da economia brasileira e defendem uma pauta produtivista para o movimento dos trabalhadores.
Embora seja muito difícil defender hoje a aliança com empresários para enfrentar a desindustrialização devido às posições reacionárias deles e o oportunismo lobista que os atrai, os textos da revista são unânimes em defender tal necessidade.
Para quem tem dúvidas basta saber que a taxa de participação da indústria na composição do PIB nacional regrediu a 1947 como informou a professora Eliana Araújo no seminário da Fundação Maurício Grabois sobre os desafios para a retomada do desenvolvimento, recentemente realizado.
Os empresários da indústria – sejam nacionais ou estrangeiros – estão sendo afastados do eixo da produção e dos centros decisórios da política econômica e, prisioneiros de uma ideologia rentista que os desqualifica, persistem em suas posições contrárias às reivindicações trabalhistas e de defesa da aplicação irrestrita da lei celerada.
No entanto, os interesses do movimento sindical obrigam os trabalhadores à tarefa de resistirem e defenderem sua pauta, ao mesmo tempo em que furam a bolha ideológica que envolve, anestesia e corrompe o patronato industrial contrária a seus próprios interesses.
E, desde já resistem às investidas reacionárias do governo e à síndrome do escorpião dos empresários, garantindo com movimentos fortes dos trabalhadores metalúrgicos o avanço de sua pauta unitária. Exemplos expressivos foram as votações maciças pró-sindicais dos metalúrgicos de Camaçari na Bahia e a vitoriosa campanha dos metalúrgicos da Grande Curitiba. Em ambos os casos os trabalhadores aprovaram também os recursos financeiros para os sindicatos respectivos.
Estes e muitos outros exemplos (Viva a comerciária que ganhou na justiça o direito à homologação sindical de sua demissão! Vivam os metalúrgicos de São Paulo e suas três greves para garantir os acordos! Vivam os funcionários da prefeitura que mantém a mobilização contra a deforma previdenciária do Dória!) demonstram que ao medo e à desorientação devem se contrapor a resistência e a unidade.