“Trabalhar, eu não” marca um período de resistência e estranhamento do trabalhador que entrava em uma era de maior industrialização e formalização do mundo do trabalho.
Um momento em que muitos deixaram o ambiente rural para trabalhar nas fábricas.
A ideia de “subir o morro para ver a nossa união” e que, com isso, “de fome não morro não”, expressa o vínculo que o trabalhador ainda tinha com o campo, em que ele podia produzir sua própria subsistência. Vínculo que com o tempo foi deixado para trás.
A frase “o meu patrão ficou rico e, eu, pobre, sem tostão” indica como era acentuada a contradição entre capital e trabalho, sobretudo neste início da industrialização.
Para a economia política marxista existe uma contradição entre o valor do trabalho e o salário recebido pelo trabalhador. Ou seja, o esforço do trabalhador não é convertido em valores monetários reais, o que desvaloriza seu trabalho.
A teoria sobre a mais-valia, criada pelo alemão Karl Marx (1818-1883), para entender as relações entre o tempo necessário para realizar um trabalho e sua renumeração, já comemorava quase 100 anos, quando a música foi feita. Esta contradição se recicla e perdura ao longo do tempo.
Trabalhar, Eu Não
Música: Almeidinha (Aníbal Alves de Almeida/1946)
Interpretação: Onéssimo Gomes
Quem quiser suba o morro
Venha apreciar a nossa união
Trabalho, não tenho nada
De fome não morro não
Trabalhar, eu não, eu não!
Eu trabalhei como um louco
Até fiz calo na mão
O meu patrão ficou rico
E, eu, pobre sem tostão
Foi por isso que agora
Eu mudei de opinião
Trabalhar, eu não, eu não!
Trabalhar, eu não, eu não!
Fonte: Centro de Memória Sindical