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OMC rebaixa projeção de expansão do comércio mundial em 2011

Valor Econômico

Assis Moreira

GENEBRA – A Organização Mundial do Comércio (OMC) cortou de 6,5% para 5,8% sua previsão de crescimento do comércio mundial, em volume, para 2011, comparado a um avanço de 14,5% no ano passado.

Para a OMC, os riscos de deterioração da economia mundial se confirmam cada vez mais. Considera sua estimativa “prudente” levando em conta expansão econômica global, agora de apenas 2,5%.

As economias desenvolvidas devem registrar aumento de 3,6% nas exportações e o PIB deve ter expansão de 1,5%.

Ao mesmo tempo, as economias em desenvolvimento vão ver suas exportações crescerem quase três vezes mais que as dos desenvolvidos. A projeção é de alta de 8,6% nas vendas externas e crescimento de 5,9% do PIB (comparado a mais de 6,5% antes).

No ano passado, o comércio cresceu quase 15% comparado ao desastre dos anos anteriores em meio à crise financeira global.

Agora, as novas previsões da OMC apontam desaceleração do comércio mundial, e não um recuo puro e simples, mas a entidade vê o cenário global excepcionalmente incerto por causa da situação da Grécia.

A OMC considera que os riscos de contração do PIB se intensificaram nos últimos meses e, quando a produção diminui, o comércio também declina. Para a OMC, a economia mundial está num “ponto de inflexão”, onde o crescimento poderá se retomado se os responsáveis políticos encontrarem uma solução à crise da divida soberana que possa restabelecer a confiança no sistema financeiro.

Em contrapartida, decisões ruins podem provocar maior instabilidade, como foi o caso na crise depois da quebra do banco americano Lehman Brothers, em 2008.

As exportações desaceleraram recentemente em vários países industrializados e mesmo caíram de “forma inquietante” na Alemanha e na França. A expansão das exportações alemãs, motor da economia europeia, passou de 36% em maio para 20% em junho e foi de 16% em julho.

No mesmo período, o crescimento das exportaçõs francesas caiu de 44% para 14% e depois para 9%.

Já o fluxo comercial da maioria das economias em desenvolvimento manteve-se “vigoroso”.  O aumento do comércio da China chegou a acelerar em agosto, o que a entidade avalia que pode compensar, em parte, a desaceleração do comércio das economias desenvolvidas.

O comércio exterior brasileiro vem crescendo ao redor de 25%, também pelos dados da entidade global. No caso da China, os últimos dados de consultorias e bancos mostram que as encomendas de exportações não mais aumentaram, mas, pelo menos, não caíram de ritmo.

Pelo momento, segundo a OMC, a desaceleração econômica se limita no essencial aos países desenvolvidos, sobretudo na Europa. “Isso nos leva a pensar que a resolução da crise da dívida soberana séria, sem dúvida, é o melhor meio de evitar uma contração maior do comércio”, diz.

Pascal Lamy, diretor-geral da OMC, alerta de novo contra medidas protecionistas e avalia que as regras da entidade são uma garantia contra barreiras. (Assis Moreira | Valor)