Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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O teste do desemprego

Desde que o ex-operário metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao poder, em janeiro de 2003, o Brasil jamais atravessou um período de crescimento significativo do desemprego. Ao contrário: depois de um início de governo complicado e que durou praticamente todo o ano de 2003, a partir de 2004 o mercado de trabalho vem melhorando continuamente, ano a ano, e as taxas de desemprego vêm caindo e a criação de vagas formais, aumentando. No final do ano passado, de acordo com diferentes indicadores que medem o desemprego no País, as taxas chegaram aos mais baixos níveis aferidos nos últimos dez anos.

O período de bonança no mercado de trabalho brasileiro, porém, parece estar com os dias contados. Desde o agravamento da crise financeira mundial, em setembro último, muitos analistas advertiram que seria questão de tempo para as turbulências chegarem ao Brasil e causarem estragos consideráveis, com aumento significativo no desemprego. Os dados divulgados ontem sobre o emprego industrial corroboram esta tese: segundo o IBGE, o emprego na indústria caiu 0,6% em novembro ante outubro – a maior queda desde outubro de 2003 -, mas manteve-se positivo na comparação anual, crescendo 0,4%. Apesar de positiva, a taxa contra novembro de 2007 foi a menor desde outubro de 2006.

Esses dados serviram para acender o sinal amarelo e ontem mesmo o governo anunciou que vai tomar novas medidas para garantir a manutenção de empregos e estimular o consumo no País.

No fundo, o desemprego será o grande desafio para o presidente Lula neste segundo mandato. Se o governo conseguir minimizar a onda de demissões que a crise anuncia, o esforço certamente será reconhecido nas urnas, em 2010. Caso contrário, o presidente pode assistir ao início de seu declínio político, pois sem dúvida a sua altíssima aprovação está umbilicalmente ligada ao bom desempenho da economia nacional.

As demissões já começaram e estão em curso por todo o País. Alguns demitem por precaução, outros por necessidade. Nos dois casos, cabe ao governo federal intervir no sentido de garantir as condições para que os empresários mantenham os trabalhadores em seus postos. Antes que seja tarde demais.