”Primeiro a inflação, depois os juros altos e, por fim, o desemprego. Esse é o processo natural de uma economia descontrolada, mal gerida e mal planejada que agora nos chega com a sua face mais cruel que é a perda de postos de trabalho generalizada.
O Governo, com a maior naturalidade, trabalha com suas previsões e nos promete uma reversão desse quadro até o segundo semestre de 2017. Mas o que fazer até lá?
O fato é que o pior ainda está por vir. O fato é que todos os índices econômicos apontam para recordes negativos relacionados com o período de cinco anos atrás. E também é fato que a crise política instaurada no país atinge diretamente as questões econômicas que, em seu limite, faz com que a parcela mais pobre da sociedade pague por uma conta que não foi ela quem assumiu. Nada pior do que o desemprego e a incapacidade de pagar suas dívidas, muitas delas contraídas pelo devastador consumismo adotado pelo mercado e com todo o apoio do Governo.
Índices, números, previsões, estatísticas, cálculos e discursos. Até quando o país vai aguentar tantos desmandos, tanta corrupção, tanta hipocrisia política? Ajuste Fiscal para equilibrar as contas públicas? E a conta de água, a conta de luz, a conta do mercado, da moradia ou do transporte que cada desempregado deixará de pagar? Será que algum argumento convence ?
O medo mais uma vez se impõe no mercado de trabalho. Além de todos os outros medos que nossa sociedade já vive, agora o medo de ficar sem salários é mais um ingrediente para a classe trabalhadora.
Seja como for não é o momento de nossos sindicatos se calarem. Nunca foi, sem dúvida! Mas para quem já viveu crises anteriores sabe que o papel das entidades de classe agora é mais do que importante para os trabalhadores. Não podemos deixar que o “Salve-se quem puder” torne-se a realidade e acabe definitivamente com as possibilidades de mudanças nesse país. Pode parecer contraditório, mas é exatamente nos momentos de crise em que os sindicatos e a classe trabalhadora mais se fortalece. Seja na busca de alternativas, seja na possibilidade e capacidade de mobilização para enfrentar o que há de mais precioso para todos nós: nossa dignidade e nosso trabalho!”
Claudio Magrão
Presidente da Federação dos Metalúrgicos SP