“Os últimos meses têm demonstrado que os rumos da economia brasileira estão colocados à prova em sua condução.
Seguidos dados negativos na Balança Comercial do País, altas freqüentes nas Taxas de Juros, quedas significativas na produção e no consumo interno e o crescente endividamento da população, são fatores preocupantes em uma equação de difícil equilíbrio.
Talvez falar em Crise seja precipitado, mas que os trabalhadores já sentem na pele e no bolso os efeitos negativos de uma política econômica com sérios problemas, isso já é mais do que fato.
O setor metalúrgico tem sido um dos mais atingidos em todo este quadro. Demissões, quedas expressivas na produção das fábricas, banco de horas, férias coletivas ou quaisquer outros “arranjos” para a manutenção de postos de trabalho voltaram a ser a pauta do dia nas relações entre os sindicatos e as empresas do setor.
E é exatamente neste ponto que não podemos fraquejar e nos desmobilizar diante de situações que de forma alguma são de responsabilidade dos trabalhadores. Aliás, o velho discurso empresarial do alto custo de manutenção do trabalhador no Brasil, também volta à tona e não podemos aceitar isso como razão de qualquer crise que seja.
O problema está onde sempre esteve: em um sistema de exploração da Força de Trabalho que em nada contribui com a distribuição de renda e em um setor patronal que sempre viveu financiado por um Estado que arrecada muito e investe mal nos setores que deveriam ser prioritários.
Não pode ser mais possível que a corda arrebente mais uma vez do lado “mais fraco”. Não é possível admitirmos sequer que os trabalhadores são o elo “mais fraco” em tudo isso. Nossa organização tem de ultrapassar os limites de nossas conquistas e, definitivamente, deixar claro a patrões e governos que não existe riqueza, não existe produção, não existe consumo, não existe nada possível economicamente sem os trabalhadores.
Mais do que alertas, devemos estar unidos e mobilizados para enfrentarmos os erros que não são nossos. Devemos garantir o que conquistamos com muita luta em termos de direitos e, mais do que isso, definitivamente nos colocarmos diante de qualquer crise como os agentes prioritários à serem ouvidos e atendidos em nossas reivindicações.
Se estivermos unidos não somos os mais “fracos” . Ao contrário, juntos sempre seremos o elo mais “forte” em qualquer situação econômica para garantirmos nosso trabalho, nossas conquistas e o direito a uma vida digna”.
Cláudio Magrão, presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo.