E diante dessas profundas mudanças, que acontecem em velocidade vertiginosa, fica a pergunta: – A imprensa sindical está preparada para essas novas formas de se propagar ideias?
A chegada dos tablets, do tamanho de uma folha de sulfite, e que possibilitam acesso à internet de forma portátil, reforça e acelera o processo para o fim das ediçõe s impressas. E o que parece distante de nossa realidade já está diante dos nossos olhos, vide a expansão das assinaturas digitais das principais publicações do País.
Há que se considerar que, há tempos, uma nova ferramenta tecnológica como o tablet, era quase que inacessível (diante do custo e da operação) aos trabalhadores. No entanto, atualmente, o custo não é mais uma barreira e o novo trabalhador vem se adaptando às novas tecnologias, desde o advento da informatização das máquinas, em sentido amplo.
Em notícia veiculada no jornal O Estado de São Paulo, a venda de Tablets e Smartphones ultrapassou , pela primeira vez na história, a de microcomputadores. Ou seja, estamos entrando numa nova era, a do fim PCs.
Outra notícia que merece destaque e reflexão é de que “O Brasil alcançou 73,9 milhões de pessoas que navegam na internet, considerando o acesso por meio dos mais diferentes ambientes (domicílios, trabalho, escolas, lan houses ou outros locais).”
Os brasileiros estão cada vez mais conectados. Hoje já existe disponível no mercado opções de conexão de 20 megas por apenas R$ 29,90. Em 1996, início da internet no Brasil, uma assinatura “discada”, com baixa transferência de dados, custava, sem atualização de valores, R$ 100,00. Quanto equivaleria à moeda dos dias atuais?
As transformações tecnológicas e, consequentemente, sociais, colocam-nos diante de uma grande interrogação: como será a imprensa sindical e o trabalho dos dirigentes?
Distribuiremos tablets, ao invés de informativos impressos, aos trabalhadores nas portas das fábricas?
Dentre outros, um dos principais desafios do movimento sindical é a conscientização e a participação dos jovens trabalhadores que ingressam no mercado de trabalho.
E, sem dúvida, um dos principais instrumentos para a aproximação desses jovens para as lutas tem ligação direta com a modernização dos meios de comunicação sindical.
É evidente que de nada adianta termos a melhor tecnologia do mundo disponível se não estiver alicerçada em um trabalho e um conteúdo significativo. Mas o desafio atual para dirigentes e jornalistas sindicais é fazer com que isso seja divulgado de forma que acompanhe as necessidades desse novo mundo digital, que se verticaliza sobre nós.
As novas formas de se propagar informações também nos faz refletir sobre outras questões inerentes, como a modernização imagética das mensagens sindicais e a dinamização dos textos diante de um mundo com o tempo cada vez mais escasso.
As novas tecnologias determinam o ritmo da informação. Há 200 anos as pessoas tinham tempo para ler romances, com a evolução dos meios de produção, surgiu o conto (versão condensada do romance) e agora convivemos com o Twitter, com a veiculação de mensagens de apenas 140 caracteres…
Todos esses elementos convergem para um só ponto: integrar o discurso sindical ao novo mundo, ao novo perfil de trabalhador, que não se restringe mais ao boletim impresso distribuído na porta das fábricas.
Um fato alarmante é que o movimento sindical centra-se somente na discussão sobre a importância de uma imprensa operária forte, no entanto, as propostas que aparecem são, em síntese, burocráticas, tecnicistas, catalográficas.
Outro ponto a ser refletido e ponderado: antes de querer inventar uma nova roda, façamos as rodas, que já existem, rodarem e/ou rodarem com mais perfeição.
Enquanto alguns defendem fórmulas estáticas, anciãs, uma nova geração de jovens trabalhadores distancia-se ainda mais de suas entidades representativas, visão macro, do que reflete o micro, o jornal, a exemplo.
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Por Ricardo Flaitt – assessor de imprensa da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo. Desenvolve pesquisa na Faculdade de História sobre “O futuro da imprensa sindical na era digital”.