“A experiência moderna ensina que nem tudo pode ser estatal, nem tudo deve ser deixado nas mãos do mercado e do interesse privado. Os países socialmente mais justos são os que combinam participação estatal e privada, buscando uma situação de equilíbrio.
Há setores em que o Estado não pode se omitir e há outros em que, indica o bom senso, as forças do mercado devem atuar sabendo que o Estado terá poder de regulação, haverá limites legais e elas estarão sujeitas a questionamentos da Justiça.
É com essa visão que devem ser observadas as recentes concessões pelo Estado brasileiro, que abrangem setores de energia, transporte e outros ligados à infraestrutura. Nosso País parou no tempo na questão da infraestrutura e isso cria gargalos que elevam o custo Brasil real e atrasam o desenvolvimento.
No mundo de hoje, é intenso o trânsito de bens, serviços e pessoas. A velocidade e a eficácia desse trânsito são fundamentais para a produtividade do País, a atração de investimentos, o rendimento dos negócios e a própria geração de empregos, especialmente os empregos de qualidade, que requerem mais conhecimento e domínio de novas tecnologias. É necessário, portanto, mais investimentos na qualificação profissional.
O movimento sindical, no geral, pensa dessa forma e apoia iniciativas que estimulem investimentos, produtividade e modernização. Não há divergências essenciais na forma. O que existem são divergências de encaminhamento. Por exemplo: o governo que recebe empresários, e acata suas demandas, não tem disposição para ouvir os trabalhadores e suas representações, gerando uma situação de flagrante desequilíbrio no diálogo com a Nação.
O sindicalismo também está atento para eventuais mudanças que possam surgir com a entrada de novos agentes nos setores de petróleo, transporte, logística e outros. Não aceitaremos que se rebaixe o padrão de relações entre capital e trabalho e também repudiamos qualquer tentativa de fazer avançar a terceirização, que gera precarização.
Juros – Quero, por fim, manifestar uma posição que é unânime entre os trabalhadores e o setor produtivo: a nossa contrariedade ante os seguidos aumentos da taxa básica de juros – Selic. O combate à inflação, que apoiamos, não pode significar economia travada, PIB fraco e perda de dinamismo da economia. Não pode dificultar a vida dos que produzem e facilitar o lado dos banqueiros e especuladores em geral. Nenhum governo tem esse direito, especialmente um governo de origem popular”.
José Pereira dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região.
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com.br