Me encheria de orgulho poder escrever neste espaço que o Brasil vai bem. Infelizmente, não posso, pois nosso País vai mal. Muito mal.
Vejamos:
• Desemprego – Em 31 de outubro, havia 12,5 milhões de pessoas desempregadas. Ou seja, 9,6 vezes a população de Guarulhos.
• Subemprego – Subocupados: 27,5 milhões de trabalhadores (essas pessoas fazem bico, trabalho intermitente etc., ganhando, às vezes, menos que um salário mínimo).
• Informalidade – 41,4% da nossa força de trabalho. Ou seja, 38,8 milhões de brasileiros estão na informalidade.
• Renda – Cai a renda dos contratados formais. Os subcontratados ganham em média 36% do que se paga ao contratado formal.
Vamos sair do mundo do trabalho e entrar no setor produtivo, onde a situação também é muito ruim para quem produz. Vejamos:
• Déficit – O saldo comercial da indústria de transformação alcançou US$ 31,5 bilhões, nos 12 meses encerrados em setembro. Isso dá quase dez vezes mais do que o déficit do período anterior.
• Produtividade – A precarização do trabalho derruba a produtividade da economia e interrompe um ciclo de lenta recuperação. O estudo é da Fundação Getúlio Vargas.
A economia está ruim, mas outros setores, como o meio ambiente, poderiam estar bem. Porém, isso não ocorre. A manchete da Folha de S. Paulo de segunda (18) mostrava o seguinte: “Desmatamento na Amazônia bate recorde e cresce 29,5% em 12 meses”. E o vazamento de óleo no mar? Já atingiu 600 pontos do Litoral e, até agora, o governo não descobriu de onde vaza tanto petróleo cru.
Mas tudo isso vai melhorar, após a reforma da Previdência, comandada pelo ministro Guedes. Alega o governo. Ocorre que se trata de propaganda enganosa. Basta ver o que ocorre no Chile. A revolta popular é principalmente contra o modelo previdenciário que Guedes ajudou a implantar naquele País, há pouco mais de 30 anos. Agora, o povo local se revolta contra as maldades e os frutos envenenados daquela reforma.
Mas, espera aí, o governo vai privatizar tudo e aí o País deslancha. Só que não! No recente leilão do pré-sal houve pouco interesse estrangeiro. Uma parte dos poços ficou com a China e a outra teve de ser arrematada pela própria Petrobras.
E na política? O governo, certamente, se conduz bem, comanda o barco na direção correta, certo? Errado. Tanto assim que Bolsonaro entrou em guerra com seu partido, o PSL, e anuncia que formará uma nova agremiação da qual, pasmem, adianta que será o presidente.
Tem saída pra essa crise toda? Tem. Mas é preciso um grande entendimento nacional, entre as forças democráticas, partidos progressistas, o empresariado produtivo e o movimento sindical. É o que venho propondo há tempos, e você que me lê aqui é testemunha disso. Sem o entendimento nacional, o buraco ficará cada vez mais fundo.
José Pereira dos Santos – Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região e secretário nacional de Formação da Força Sindical
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