No último dia 5 de setembro, mais de 15 mil metalúrgicos da Grande Curitiba paralisaram as atividades para deixar claro que não vão aceitar os ataques aos seus direitos que tem sido orquestrados pelo patronal com a anuência do novo governo.
As manifestações foram o pontapé inicial na campanha “Cortar direitos não gera emprego! Retomada da economia já!”, da CNTM e da Força Sindical e que promete varrer o país para alertar a população dos riscos que tais ataques representam aos direitos trabalhistas e sociais e ao desenvolvimento do Brasil.
Não é brincadeira! Tem sido recorrente no noticiário a teses canalhas das entidades patronais alegando que o que atrapalha o desenvolvimento da economia e a geração de empregos no país são os direitos trabalhistas. Nós, do movimento sindical, entendemos que esta é uma leitura deturpada da realidade e que não tem nada a ver com a crise econômica pela qual o Brasil passa.
Para nós, é claro que o que tem prejudicado o fim da crise é a política econômica conservadora que tem sido defendida por setores do sistema financeiro e patronal. Entre essas medidas estão a manutenção elevada da taxa de juros, que trava os investimentos e inibem o setor produtivo; a limitação do acesso ao crédito e a diminuição da renda da população, que precariza o consumo e, por conseguinte, a produção e geração de empregos. Todas medidas que, na nossa visão, emperram ainda mais a economia e atrasam o desenvolvimento. Ou seja, a culpa da crise não está nos direitos trabalhistas.
Como prova, basta lembrar o recente período de 2007 à 2014 quando a economia do país andou a pleno vapor, batendo recordes de produção e venda, sem que um único direito do trabalhador interferisse neste ciclo. Ao contrário, os direitos e benefícios ajudaram a turbinar ainda mais a economia. É preciso ter memória.
Isso mostra que diminuir direitos, como pretende o patronal, não terá efeito nenhum sobre a economia e a geração de empregos. Pior, vai aprofundar mais a crise, pois vai estrangular ainda mais o trabalhador que já está com a faca no pescoço vendo sua renda ser espremida pela inflação e o famigerado ajuste fiscal que só penaliza os trabalhadores. O que precisamos é fortalecer o mercado interno. Por isso, defendemos o inverso da política econômica conservadora.
É preciso baixar os juros para destravar a vida da indústria e dar segurança para os investimentos; facilitar o acesso ao crédito, fortalecer a renda e manter direitos para favorecer o consumo e a produção. Essa foi a fórmula do ciclo de prosperidade que vivemos recentemente e é o que vai fortalecer os músculos do nosso mercado consumidor favorecendo uma retomada econômica forte.
E é por isso que a CNTM e a Força Sindical estão lançando a campanha “Retirar direitos não gera emprego! Retomada na econômica já!”. O objetivo é formar uma frente de atuação para pressionar para que as medidas defendidas acima sejam tomadas o mais rápido possível.
Para isso, precisamos estar unidos. Enquanto o capital querer ficar agindo na base da famigerada lei de Gerson, visando tirar vantagem da crise para se prevalecer e acabar com direitos, vamos ter que estar prontos para a luta nos mobilizando para resistir. Desafio o patronal a provar que o fim dos direitos trabalhistas trarão algum efeito positivo a economia. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Não podemos cair nessa conversa mole.
Enfim, esse é o nosso recado. Retirar direitos não gera emprego e nem afeta a economia. Os trabalhadores e população não hão de cair neste canto de sereia de que o corte seus direitos é a salvação do Brasil. Acreditar nisso é suicídio. O que precisamos é que o novo governo pare de querer fazer o jogo do patronal e se empenhe no que realmente é necessário: baixar os juros e fortalecer a renda da população. É isso que vai acabar com a crise e não a retirada de direitos. Não vamos aceitar que a crise seja usada pelo patronal para acabar com os direitos trabalhistas. Chega de oportunismo! As cartas estão na mesa. Cortar direitos não gera emprego! Retomada da economia já!
Sérgio Butka
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba/PR