Marcelo Rehder
Mais uma empresa de autopeças fechou acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes para redução da jornada de trabalho e de salário, em troca da garantia de emprego. Em assembleia realizada ontem, os 200 funcionários da fábrica de alarmes e antenas da Olimpus Industrial e Comercial, localizada na zona leste da capital paulista, aprovaram a proposta negociada para evitar demissões por causa do agravamento da crise mundial.
Segundo Miguel Torres, presidente do sindicato, a jornada será reduzida em 20% e o salário, em 15%. Com validade para os meses de fevereiro e março, o acordo garante a estabilidade de emprego até o dia 30 de setembro. “Não é o ideal, mas é o acordo possível para evitar dispensas nesse momento de crise”, disse o sindicalista.
Hoje, os 180 trabalhadores da Novex Rodas e Rodízios, da zona oeste da capital paulista, realizam assembleia para deliberação de propostas de acordo de redução de jornada e salário como alternativa à demissões.
Com o resultado da assembleia de ontem na Olimpus, sobe para cinco o número de acordos de redução de jornada e salário firmados pelo sindicato, com a aprovação dos trabalhadores. “Já garantimos estabilidade no emprego para cerca de 5,6 mil trabalhadores dessas empresas e evitamos cerca de 1,6 mil demissões imediatas”, disse Torres.
Segundo ele, a entidade já foi procurada por 120 empresas interessadas em negociar esse tipo de acordo. As conversas já foram iniciadas com 45 delas. “Nesse processo, as empresas têm que apresentar documentação comprovando que passam por situação difícil e as negociações contam com a participação de uma comissão de trabalhadores da empresa e de uma equipe de advogados e economistas do sindicato.”
Em audiência ontem no Ministério Público do Trabalho, o sindicato apresentou documentação sobre o processo de negociação que resultou no acordo de redução de jornada e de salário dos trabalhadores da Valeo Sistema Automotivo, fabricante de faróis e lanternas – o primeiro a ser anunciado pelo sindicato. Os procurados queriam saber se a legislação que trata de acordos dessa natureza havia sido respeitada. “Comprovamos que fizemos tudo dentro da lei, e ainda ampliamos as garantias ao trabalhador”, afirmou Torres.