Faço parte da geração que combateu a ditadura e lutou pela volta da democracia. Mas, a bem da verdade, nós queríamos mais que isso. Nossa geração lutava por um País forte, soberano, desenvolvido, com emprego decente e justiça social.
A Constituição de 1988 pôs no papel parte dos sonhos da nossa geração, marcando um grande avanço na vida política, econômica e social do País. Pensávamos, então, que a partir daí o Brasil só andaria pra frente.
Não foi o que aconteceu. Tivemos de lá para cá o impeachment de dois presidentes da República, diversos transtornos econômicos, várias ondas de corrupção e, após 2014, um movimento ativo de forças poderosas que dividiu nosso País, destruiu o centro político e conseguiu eleger Bolsonaro.
A principal marca dessa época, além da eleição de um presidente extremista, foi a operação Lava Jato, que nós apoiamos na crença de que investigaria a corrupção, puniria os corruptos e faria o Brasil retomar o crescimento econômico.
Porém, na economia, deu errado. A Lava Jato virou midiática, passou a pautar a imprensa e quebrou nossa indústria. Vários setores foram feridos de morte: construção civil, construção naval, setor do petróleo etc. Esse ataque inviabilizou as empresas. O caso emblemático é a Odebrecht. A empreiteira de 75 anos perdeu 82% da mão de obra, despencando de 276 mil para 48 mil empregados. Fora os postos de trabalho indiretos.
Quando a crise atingiu o ápice, o sindicalismo procurou o governo e o Congresso com uma proposta sensata. Nossa proposta era de que fossem firmados acordos de leniência, previstos em lei. Por esses acordos, as empresas seriam preservadas, ficando a eventual punição destinada aos dirigentes empresariais. Queríamos preservar os empregos, por saber que o desemprego em massa agravaria os problemas sociais brasileiros.
Mas fomos duramente combatidos pela histeria moralista e por forças políticas que, certamente, não estão a serviço da economia brasileira e dos interesses nacionais. E o resultado é esse aí: o maior desemprego da história, aumento em 42% dos que procuram emprego há mais de dois anos, quebradeira de importantes setores econômicos e desnacionalização da nossa indústria.
Endeusou-se um juiz de primeira instância e procuradores novatos eram bajulados pela mídia e pelos oportunistas da política. Agora, as gravações reveladas por órgãos da mídia, daqui e do Exterior, mostram que as intenções não eram tão santas assim.
O jornal O Estado de S. Paulo, do dia 23, mostra que nos últimos cinco anos os salários perderam 16% do poder de compra. Entre os mais pobres, a perda média chega a 20%, de acordo com dados do IBGE. Ou seja, nosso País afunda. Quem vai responder por isso?
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação da Força Sindical
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