Neste momento delicado que vive a economia brasileira, com o setor produtivo estagnado, devido à inflação, juros altos e falta de crédito, não nos resta outra opção a não ser lutar pela preservação dos nossos empregos e manutenção da nossa renda. Essas são as duas questões que estarão norteando as ações do movimento sindical tanto esse ano, como o ano que vem. É com essa pauta em mãos que estaremos sentando com as empresas. Não é para menos. Ficar desempregado agora é suicídio. Por isso, estamos empenhados em buscar alternativas que assegurem o emprego e os salários dos trabalhadores.
É preciso ter em mente que o momento não é de avançar e sim de garantir o que já conquistamos até agora. Foi por isso que nas negociações com a Volkswagen, de São José dos Pinhais (PR), que trouxe para a mesa o Programa de Proteção ao Emprego, do Governo Federal, não opusemos resistência desde que houvesse o bom senso de manter a política de reajuste salarial com pelo menos a reposição da inflação. Dessa forma, ficaram garantidos os empregos e a renda dos metalúrgicos, o que dá um pouco mais de tranquilidade para os trabalhadores atravessarem a crise de maneira mais branda.
Além disso, estamos empenhados na luta para denunciar a política econômica que o governo tem adotado. Manter os juros altos, aumentar impostos e cortar direitos é aprofundar ainda mais a crise do país. Ao adotar a cartilha neoliberal, o ministro Joaquim Levy, manda o Brasil de volta para os anos 90, onde o arrocho salarial e o desemprego eram a tônica do governo FHC. Mais uma vez, querem promover o ajuste fiscal em cima de quem produz e leva o país nas costas: os trabalhadores.
O grande problema do Brasil não são os direitos trabalhistas ou os gastos sociais, como querem fazer crer a mídia e economistas conservadores, todos de rabo preso com o sistema financeiro. O problema do país é a farra com o dinheiro público para manter os privilégios dos bancos, do grande capital e da elite burguesa. O próprio Ministério da Fazenda divulgou recentemente que existe uma lista de grandes empresas que estão devendo mais de R$ 390 bilhões ao país.
Os caras não pagam e o governo fica quieto. Os bancos continuam lucrando bilhões através da alta dos juros e da dívida pública. As multinacionais continuam ganhando bilhões através de isenções fiscais e demais benefícios tributários. Juízes, políticos e a elite, fazem a festa com benefícios absurdos como auxílios moradias, aumentos astronômicos dos próprios salários e outras regalias vergonhosas com o dinheiro público. É isso que tem causado o rombo das contas públicas. Mas em vez de acabar com isso, o governo prefere jogar a conta nas costas da população, punindo trabalhadores e o pequeno empresário. O resultado disso é diminuição da renda, do consumo e recessão econômica. Uma vergonha. É por isso que devemos estar unidos agora para saber lutar contra essa diferença de tratamento gritante do governo, onde a maioria é esfolada em benefício de uma minoria. Estamos na luta!
Sérgio Butka
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba/PR