Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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No Brasil, salário mínimo compra duas cestas básicas; nos EUA, seis

Sílvio Guedes Crespo

Quem ganha o salário mínimo no Brasil é capaz de comprar apenas duas vezes por mês os itens que o Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos) usa como parâmetro da cesta básica do País. Nos Estados Unidos, o salário mínimo local permite adquirir quase seis vezes os mesmos produtos, segundo um levantamento feito por Alcides Leite*, colaborador do Radar Econômico.

Toda quarta-feira, este blog apresenta uma comparação de preços de produtos em diversos países. Desta vez, Leite inclui também a comparação dos salários mínimos e médios em sete nações, além do Brasil.

Aqui, o salário mínimo, de R$ 545, ou US$ 333, vale duas cestas, que saem por R$ 269, ou US$ 166, segundo o Dieese. Nos EUA, com um salário mínimo (US$ 1.160) é possível comprar no supermercado D’Agostino, em Nova York, todos os itens da cesta básica brasileira  quase seis vezes.

Nesse tipo de comparação, a França foi, entre os países estudados, o que apresentou melhor situação. Com um salário mínimo, de US$ 1.950, compram-se mais de nove cestas básicas. O pior cenário é o do México, onde um salário compra apenas uma cesta.

Se considerado o salário médio da população, a melhor situação é a do Reino Unido, onde se compram quase 20 cestas. Nos EUA, o salário médio compra mais de 15; no Brasil, menos de 6; na Argentina, mais de 8.


O economista Paulo Rabello de Castro** comenta os números:

“Apesar da carga tributária elevada, a cesta básica brasileira é bastante competitiva, comparando com outros países da lista. Em valores, só perde para a Argentina e empata com o Chile, por exemplo.

O agronegócio brasileiro, que, a despeito de enfrentar fatores adversos como logística cara, desperdício em embarques e desembarques, dificuldade de recuperação do crédito tributário, dupla tributação em diferentes momentos da cadeia produtiva, preço elevado de energia elétrica e alto custo financeiro, com maiores juros do mundo, é bastante competitivo. Esse conjunto de dificuldades estruturais, chamado custo Brasil, pesa muito na hora em que o agricultor tira o produto do campo. Ele é obrigado a ter sucesso da porta para dentro para compensar os problemas da porta para fora.

O produtor e a família brasileira seriam beneficiados com uma carga tributária mais racional. O produto seria embarcado por um preço menor, impactando positivamente as receitas das exportações e o saldo comercial. Já o rendimento das famílias também seria maior, com consequente aumento do poder de compra.”

* Alcides Leite é professor de economia na Trevisan Escola de Negócios e analista-inspetor concursado do Banco Central. Autor de “Brasil, a trajetória de um país forte”.

** Paulo Rabello de Castro é coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE), que reúne mais de 80 entidades empresariais em defesa da simplificação fiscal e maior eficiência nos gastos públicos. Recentemente, lançou campanha pela subscrição de abaixo-assinado, no site www.brasileficiente.org.br, que pretende recolher 1 milhão de assinaturas para transformar em projeto de lei suas propostas.