Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Negociações envolvem Marcopolo, Embraco e Gerdau

Sérgio Bueno e Cibelle Bouças, de Porto Alegre e São Paulo

Negociações de redução de jornada e de salários e também de suspensão de contratos de trabalham se intensificam entre grandes empresas do setor metalúrgico, entre elas Marcopolo, Random, Embraco e Gerdau.

Os funcionários da Marcopolo em Caxias do Sul (RS) votaram ontem a proposta de flexibilização da jornada de trabalho apresentada pela fabricante de carrocerias de ônibus para enfrentar a queda nos níveis de produção. O resultado será conhecido hoje, mas a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade esperam a aprovação da medida. A Marcopolo propõe a paralisação das duas fábricas da cidade por nove dias nos meses de fevereiro e março, sempre às sextas-feiras. Não haverá desconto de salário e a interrupção será compensada pelos trabalhadores quando a demanda se recuperar, informou o gerente de recursos humanos, Osmar Piola. Medidas semelhantes foram adotadas pela companhia em 1997, 1999 e 2005. A Marcopolo tem 10,6 mil funcionários, sendo 7,6 mil em Caxias do Sul.

Hoje também retornam de férias coletivas 1,8 mil funcionários e outros 600 iniciam o período de descanso de 20 a 30 dias. Segundo o coordenador do departamento jurídico do Sindicato dos Metalúrgicos local, Alcebíades Gonçalves da Silva, a entidade concordou com a proposta porque não prevê redução de salários. Cerca de dez indústrias de pequeno e médio portes da cidade também negociam redução de jornada. A maior parte, porém, propõe o corte de 50% nos salários referentes aos períodos não trabalhados, disse.

Em janeiro 7 mil funcionários do grupo Randon em Caxias do Sul aprovaram a paralisação de 15 dias entre fevereiro e abril com pagamento de 50% dos dias não trabalhados. Outras empresas no Estado, como a GKN e a MWM International, ambas do setor de autopeças, acertaram a redução de jornada de um dia por semana até abril com corte de 14% e 15,75% nos salários, respectivamente.

Os metalúrgicos estão ainda em negociações com a Gerdau, que tem propostas diferentes para as duas usinas no Estado, disse o presidente da federação da categoria no Rio Grande do Sul, Milton Viário. Em Sapucaia do Sul, a empresa quer suspender os contratos de 120 dos 1,2 mil funcionários da Gerdau Riograndense por três a cinco meses, explicou o dirigente. No período, os empregados fariam cursos de qualificação custeados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e receberiam parcelas do seguro-desemprego. Segundo Viário, o sindicato local quer que a empresa pague a diferença entre o seguro-desemprego e o salário dos atingidos pela medida.

Em Charqueadas a situação é mais complicada, diz o sindicalista. A Gerdau pede a anulação de cláusula do acordo coletivo que limita as demissões na Aços Especiais Piratini a 1% do quadro de 1,1 mil empregados por mês, para afastar até 150 pessoas. Em nota, o grupo informou que as negociações com os sindicatos de São Leopoldo (que atua também em Sapucaia) e Charqueadas estão em andamento. A empresa só divulgará detalhes após o fechamento dos acordos. Em Sorocaba (SP), a Gerdau também negocia desde o início do mês com o sindicato local a suspensão por cinco meses, mas sem redução do salário, dos contratos de 700 funcionários.

A Embraco, fabricante de compressores para geladeiras, informou que dará novo período de férias coletivas de 10 dias para os funcionários da área produtiva, com o objetivo de adequar a produção à demanda. Ao todo, 2.090 empregados serão atingidos pela medida, número que corresponde a 60% dos 3,5 mil funcionários da área produtiva da Embraco Brasil.

Em São Caetano do Sul (SP), representantes da General Motors e do Sindicato dos Metalúrgicos se reuniram para avaliar a situação dos 1.633 trabalhadores da fábrica da montadora, que estão submetidos a contrato por tempo determinado e atualmente estão em licença remunerada. O sindicato pediu à empresa a renovação dos contratos por mais seis meses e a montadora enviará uma proposta na quarta-feira. “A empresa se comprometeu a não demitir ninguém, mas no dia 27 vencem os contratos de 61 trabalhadores e em cada dia útil vão vencer em média 50 contratos. Estamos tentando um acordo antes que isso ocorra”, afirmou o vice-presidente do sindicato, Francisco Nunes Rodrigues.

Em São Paulo e Mogi das Cruzes, o Sindicato dos Metalúrgicos negocia com a Valtra e a NGK do Brasil alternativas para evitar a demissão de 650 trabalhadores das duas empresas. Juntas, elas possuem 2,5 mil funcionários. Na Schaffer Brasil (Rolamentos Fag), que emprega 1.580 metalúrgicos, os funcionários decidiram manter a paralisação de protesto contra demissões. A empresa demitiu 60 funcionários e planeja dispensar outros 300. Também na capital paulista, cerca de 500 bancários do Santander protestaram na Avenida Paulista contra as demissões feitas pela instituição e reivindicaram a retomada das negociações, suspensas desde a semana passada, segundo o sindicato da categoria. (Colaborou Vanessa Jurgenfeld, de Florianópolis)