Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Negociação é paralisada na Firestone, em Santo André


Michele Loureiro

Do Diário do Grande ABC

Estão paralisadas as negociações entre a Firestone, em Santo André, e o Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região em torno das reduções de jornada programada para acontecer na próxima semana. Segundo o presidente do sindicato, Terezinho Martins da Rocha, não haverá acordo até que se esclareçam as circunstâncias em que aconteceram as adesões ao PDV (Programa de Demissão Voluntária) lançado em fevereiro pela empresa. Pelo menos 202 trabalhadores aceitaram se desligar através do programa.

O presidente do sindicato afirmou que funcionários que procuraram a entidade para homologar a adesão ao PDV denunciaram ameaças que teriam sido feitas por diretores da Firestone. “Alguns dos que aderiram ao PDV, disseram que diretores da empresa os coagiram e afirmaram que era melhor aceitar os benefícios, porque, de todo jeito, haveria demissões”, lamentou.

A fabricante de pneus informou que não vai se pronunciar sobre as ameaças, por não ter sido notificada oficialmente sobre o problema. Além disso, alegou que “desde o início das negociações, o principal objetivo sempre foi a preservação do emprego”.

O diretor do sindicato, Daniel Demétrio, disse que os trabalhadores pretendem abrir processo por danos morais contra a Firestone. “Eles se sentem lesados e humilhados. Vamos auxiliar com os trâmites jurídicos e exigir resposta da empresa. É completamente inadmissível que isso aconteça”, declarou.

As homologações das adesões ao PDV acabam dia 13. “Primeiro vamos resolver o problema dos trabalhadores do PDV. Optamos por não atropelar as negociações em torno das reduções de jornada e salários”, explicou Rocha.

Para Demétrio, a empresa se aproveita das negociações com a Pirelli – que reduziu jornada de trabalho e salário nesta semana – para forçar acordo com o sindicato. “Mas a situação é diferente, na Pirelli não houve PDV, o que justifica a adoção da estratégia de reduções para alinhar a produção”, explicou.

ESTOQUE – Informações de funcionários apontam que a empresa mantém um estoque de pneus de cerca de 1,2 milhão de unidades. Como a capacidade de armazenamento é menor, a saída encontrada pela Firestone foi utilizar as antigas instalações de uma concessionária de automóveis, também em Santo André.

A Firestone trabalha prioritariamente com pneus para automóveis de passeio, mas também atua no mercado de caminhões e máquinas agrícolas. “A grande maioria das unidades estocadas é para caminhões e máquinas. É estranho que a empresa não tenha conseguido mensurar a produção desses itens de acordo com as necessidades do mercado”, destacou Demétrio.

Além de fornecer para montadoras de automóveis, a fábrica italiana tem como um dos seus maiores clientes a rede Carrefour de hipermercados. “Cerca de 20 mil pneus para carros são comercializados diariamente, a esperança é que com a safra da cana-de-açúcar aumente a demanda por pneus de porte grande”, explicou o sindicalista.