A expressão em latim Carpe diem, popularmente traduzida como “aproveite o dia”, voltou à moda a partir do lançamento do filme Sociedade dos Poetas Mortos (Peter Weir, 1989). No filme, um professor incentiva seus alunos a transgredirem as rígidas normas da escola, despertando neles não apenas o interesse pelo conhecimento, mas também a paixão, a vivacidade e a criatividade. Antes do filme, a ideia de aproveitar o momento presente foi desenvolvida no poema Instantes, atribuído a Nadine Stair.
No belo poema a poetiza afirma que: se pudesse viver novamente sua vida, na próxima trataria de cometer mais erros, de não ser tão perfeita, de relaxar mais. A música Epitáfio, dos Titãs, resgata essa ideia de “aproveitar bem a vida”. Ela é composta como se fosse um recado que diz que se você não aproveitar os momentos agora em sua lápide se lerá o epitáfio: “Devia ter amado mais…”.
Ao contrário de ser uma ode à negligência e ao descompromisso, a música, tal como o poema e o filme, é uma resposta ao espírito capitalista que rege nossa sociedade. A lógica das relações de troca entre valores (trabalho, dinheiro, produtos) é tão impregnada no senso comum que muitas vezes nos impede de ver a beleza da vida e da natureza. Beleza que se revela em coisas simples, cotidianamente.
Epitáfio
Sergio Brito/2001
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer…
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração…
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar…
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor…
Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier…
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar…
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr…