Folha SP
Mercedes, BMW e Ford querem conteúdo disponível no painel do veículo
Conselho de Segurança no transporte dos EUA é contra; empresas criam tecnologia para reduzir riscos de acidentes
SAM GROBART
DO “NEW YORK TIMES”, EM LAS VEGAS
Se Mercedes, BMW e Ford realizarem seus planos, os modelos que produzirão poderão ter aplicativos, jogos, música e filmes de um celular e executá-lo no sistema de entretenimento de bordo.
Para cada nova distração que as montadoras acrescentam, no entanto, surge a necessidade de incluir sistemas que previnam colisões desses novos celulares inteligentes sobre rodas.
Mecanismos automáticos de frenagem nos semáforos, alertas quando houver carros em zonas cegas e desaceleração do veículo quando ele ingressa em área de limite de velocidade mais baixo.
“Não podemos impedir que as pessoas usem celulares nos carros. Nosso esforço é garantir que elas o façam da maneira mais segura possível”, diz Paul Mascarenas, vice-presidente de tecnologia da Ford.
O esforço para oferecer maior conectividade nos carros pode ser encontrado em muitos estandes das montadoras, tanto na feira de eletrônica Consumer Electronics Show, em Las Vegas, quanto no Salão Internacional do Automóvel de Detroit, que ocorrem ao mesmo tempo.
O Sync App Link, da Ford; o DriveStyle, que a Mercedes prepara para lançar; e o ConnectedDrive, da BMW, apresentam ligeiras diferenças de execução, mas o propósito é o mesmo: importar aplicativos e conteúdo de um celular inteligente para o painel e os controles de um carro.
“Estamos tentando criar uma experiência que conecte facilmente aquilo que a pessoa usa em casa e no escritório ao seu carro”, diz Mascarenas.
SEGURANÇA
Adotar tecnologia que leve o mundo on-line à cabine do carro obviamente eleva o risco de distração do motorista.
O Conselho Nacional de Segurança dos Transportes dos Estados Unidos se uniu a organizações no apelo pela proibição ao uso de celulares por motoristas.
A resposta do setor automobilístico foi utilizar outras tecnologias para tentar diminuir esse risco.
Os carros atuais já são capazes de realizar automaticamente tarefas de segurança.
Podem manter distância predeterminada do carro adiante e corrigir levemente o volante para manter um carro dentro de sua faixa de rodagem. Também podem ajustar automaticamente seus faróis e determinar se um motorista está sonolento, ativando um alarme.
As montadoras reconhecem que já existem as fundações necessárias para a produção de carros que dirijam sozinhos, no futuro.
Em 2010, carros sem motorista participaram do Intercontinental Autonomous Challenge, do VisLab, e percorreram 15 mil quilômetros em uma jornada que os levou de Parma, Itália, a Xangai.
“Se você está parado em um congestionamento ou dirigindo centenas de quilômetros em linha reta, talvez fosse melhor se você pudesse ler um livro”, disse Dieter Zetsche, presidente-executivo da Mercedes, na terça-feira.
atualização
A nova tecnologia também pode permitir que os carros se mantenham atualizados.
Se o celular inteligente for tornado parte do carro, é possível aproveitar uma tecnologia que muda em meses.
“Enquanto trabalhamos em carros que só chegarão às ruas dentro de sete anos, a próxima tecnologia eletrônica capaz de revolucionar o mercado talvez surja em sete meses”, disse Zetsche.