No mês, saíram das linhas de montagem brasileiras 329,3 mil veículos.
Resultado foi puxado pela alta demanda de carros devido ao IPI baixo.
Priscila Dal Poggetto
G1
Para atender à demanda recorde no mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves, as montadoras instaladas no Brasil tiveram de acelerar a produção. Por esse motivo, dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) nesta quinta-feira (6) apontam para a produção total de 329.266 mil veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) no mês de agosto.
O volume representa alta de 10,6% sobre o mês de julho (297.789 unidades) e de 1% sobre agosto do ano passado (326.162 unidades). Com essa superação, as montadoras atingem novo recorde histórico para um mês de produção.
O aquecimento do mercado é justificado pela antecipação das vendas de carros, causada pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que terminaria no dia 31 de agosto, mas foi adiada para o fim de outubro. Segundo dados da Anfavea, as vendas de veículos bateram recorde histórico e chegaram a 420.080 unidades, alta de 15,4% sobre julho. Somente o segmento de automóveis e veículos leves emplacou 405.480 unidades, alta de 15,4% sobre julho. A produção de carros somou em agosto 313.196 unidades, aumento de 11% sobre o mês anterior.
Como o primeiro semestre tinha apresentado ritmo mais lento de produção por causa da alta da inadimplência – que inibiu crédito para o consumo – e da queda das exportações em volume, com o estímulo de consumo proporcionado pelo governo com a redução do IPI, o acumulado de janeiro a agosto soma produção de 2.180.333 unidades.
O volume demonstra queda significativa da produção de veículos de 7,2%, já que no mesmo período do ano passado saíram das linhas de montagem 2.349.714 unidades.
O resultado só não foi pior porque o segmento de automóveis e comerciais leves (picapes, utilitários esportivos etc.) recebeu fôlego com a ajuda do governo no terceiro trimestre. Até agora, foram 2.069.859 carros produzidos, queda de 4,7% sobre o mesmo período de 2011, com 2.171.272 unidades.
Por outro lado, ao destacar o desempenho dos segmentos de caminhões e ônibus, a queda no acumulado é mais significativa, de 40,2% e de 28,3%, respectivamente. Ao todo, saíram das linhas neste ano 87.943 unidades de caminhões e 22.531 unidades de ônibus. Em 2011, eram 147.025 caminhões e 31.417 ônibus. O segmento vive um momento atípico por dois motivos: antecipação das vendas no ano passado por causa da validade a partir deste ano do Euro 5, que exigiu tecnologia mais avançada e consequente custo maior; e desaceleração da economia brasileira.
Exportações
Em agosto, as exportações em unidades – incluem máquinas agrícolas – subiram 42,8% em relação ao mês de julho, de 29.736 veículos para 42.464. No entanto, ao comparar com agosto de 2011, as vendas externas neste ano estão 9,5% mais baixas – em agosto do ano passado foram exportadas 46.913 unidades.
No mesmo período, no acumulado dos oito meses, a parte produzida voltada aos mercados externos sofreu queda de 15,1%. Foram 347.939 unidades exportadas no ano passado contra 295.354 veículos neste ano.
Ao considerar as vendas externas em valores, a situação muda um pouco. Agosto fechou com US$ 1,42 bilhão exportados, alta de 19,5% sobre julho, com US$ 1,19 bilhão. Na comparação com agosto de 2011, por outro lado, há retração de 3,5% pois no período do ano passado foram exportados o equivalente a US$ 1,48 bilhão.
O acumulado de janeiro a agosto deste ano aponta queda de 3%, de US$ 10,44 bilhões no ano passado, para US$ 10,13 bilhões neste ano. Ou seja, nem o reajuste de preços compensou a queda na venda de produtos de maior valor agregado, como caminhões e máquinas agrícolas. Isso porque o mercado mundial ainda é fortemente afetado pela crise na Europa e, além disso, o mercado norte-americano ainda se recupera.
CKD
As exportações de veículos desmontados (CKD) foram de 3.332 unidades em agosto. No mesmo mês do ano passado a marca foi de 2.380 veículos. No acumulado deste ano, as exportações em CKD já somam 20.282 unidades, sendo 15.408 automóveis e comerciais leves e 4.874 ônibus e caminhões.
Importados
Os veículos importados representaram 18,8% dos licenciamentos de agosto, com 79.169 unidades emplacadas. Na soma de janeiro a agosto, a participação dos veículos de outros países chega a 21,7%, com 542.727 unidades. A representatividade dos importados foi impactada por conta do aumento dos impostos sobre os importados e da mudança do acordo de livre comércio com o México.
No entanto, o mercado brasileiro, aquecido pela boa disponibilidade de crédito, “segura” o setor em alta. Assim, as vendas de importados em agosto subiram 13,1% sobre julho (70.009 unidades) e 7,5% sobre agosto do ano passado (73.644 unidades). No acumulado, a alta é mais branda, de 2,2%, e já reflete as mudanças estabelecidas pelo governo.
Emprego
O nível de empregos diretos nas montadoras ficou praticamente estável em agosto na comparação com julho, com 147.731 pessoas contratadas diretamente pelas montadoras, alta de 0,1%. Porém, em relação a agosto do ano passado, há aumento de 2,1% – no período estavam contratadas 144.688 pessoas.