Em junho, setor empregava 119,5 mil trabalhadores; retomada depende de mercado externo, diz Anfavea
TATIANA RESENDE
Apesar dos recordes em vendas registrados em junho e no primeiro semestre e da prorrogação da redução na alíquota de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) até dezembro, o nível de emprego ainda não retornou aos patamares do período pré-crise nas montadoras. Os 119,5 mil postos contabilizados ao final do mês passado representam uma eliminação de 12,2 mil vagas no confronto com outubro de 2008.
De acordo com o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Jackson Schneider, grande parte da recuperação depende do mercado externo, já que as exportações seguem com queda acentuada. Segundo ele, no entanto, a retomada do emprego já começou em alguns segmentos, e os dados devem começar a aparecer a partir deste mês.
Na comparação com junho de 2008, a redução é de 8.077 vagas, e, ante maio, houve corte de 866 empregos.
“Já que a sociedade está abrindo mão desse imposto [IPI], o setor automotivo poderia se esforçar mais em manter os postos de trabalho”, comentou Altair Garcia, técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) que acompanha a indústria automobilística. As empresas não devem aproveitar a desoneração, alertou, para fazer uma reestruturação produtiva. “Não podem fazer uma adequação e deixar de contratar”, acrescentou, ressaltando o efeito em cadeia dessa indústria.
Schneider garantiu que todas as vagas eliminadas desde o final de março, quando houve um acordo com o governo federal para manter a redução da alíquota de IPI, estão dentro do compromisso firmado, o que engloba a dispensa de aposentados, por justa causa, por meio de PDV (Programa de Demissão Voluntária) e de funcionários contratados por tempo determinado.