Além de voltar a empregar, empresas suspendem ou reduzem férias coletivas de fim de ano
Cleide Silva
Montadoras de veículos e fabricantes de autopeças chegam ao fim do ano com contratações de funcionários, redução ou suspensão de férias coletivas e até reclamações de excesso de horas extras. Neste mês, General Motors, Scania e MAN (antiga Volkswagen Caminhões) estão contratando 1.050 pessoas para a área produtiva.
O mercado passou a reagir mais fortemente desde a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros com motor até 2.0, em dezembro, quando as vendas despencaram, após a crise de crédito. Mesmo após a volta gradual do imposto, a partir de outubro, as vendas continuaram aquecidas em relação a 2008, ancoradas nas promoções e na volta do financiamento de longo prazo.
A indústria espera encerrar o ano com produção de 3 milhões de veículos, segunda melhor marca histórica, atrás apenas de 2008, com 3,2 milhões de unidades. A queda é creditada à redução das exportações, já que o mercado interno terá recorde de vendas, com mais de 3,1 milhões de veículos, 10% mais que no ano passado.
De julho a outubro, as montadoras contrataram 2,3 mil pessoas. Mesmo com as vagas recém-abertas, as empresas não devem recuperar, até dezembro, o quadro de um ano atrás, de 126,8 mil trabalhadores.
Nas autopeças foram 8,3 mil contratações desde junho. Em outubro, o setor tinha 204,3 mil trabalhadores, ante 208 mil em dezembro do ano passado.
A MAN anunciou na segunda-feira 250 contratações para a fábrica de Resende, no Rio. A Scania iniciou na semana passada a seleção de 200 operários para a fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Já a GM abriu no início do mês 600 vagas nas fábricas de São Caetano do Sul, São José dos Campos e Mogi das Cruzes, em São Paulo.
“A razão de as vendas internas não terem sofrido tanto está nas políticas de redução do IPI e do custo do financiamento para caminhoneiros”, diz o presidente da MAN, Roberto Cortes.
As férias coletivas este ano também serão mais curtas que em 2008, quando as fábricas chegaram a parar 50 dias. A Ford não dará férias coletivas aos funcionários da produção das fábricas de automóveis de São Bernardo do Campo (SP), Camaçari (BA) e da unidade de motores em Taubaté. Na GM, parte do pessoal só terá férias em janeiro. As demais montadoras darão férias por período máximo de três semanas.
Na Fiat, com fábrica em Betim (MG), o Ministério Público do Trabalho cobra um acordo com os funcionários para reduzir as horas extras. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, os operários trabalham pelo menos oito horas semanais além do normal.
A entidade alega que o excesso de jornada afeta também toda a cadeia de fornecedores da Fiat. A empresa tem de apresente proposta de acordo até sexta-feira, mas alega que segue a legislação. COLABORARAM DÉBORA THOMÉ e IVANA MOREIRA