Mesmo sem a renovação do corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, medida descartada pelo governo depois de três prorrogações ocorridas ao longo do ano passado, o setor automobilístico aposta em vendas recordes no ano, de 3,4 milhões de unidades, levando-se em conta que a economia não tenha grandes tropeços até dezembro. Em 2009, foram vendidos 3,1 milhões de veículos.
Para dar conta da demanda, as empresas anunciaram este mês novas contratações. A Fiat vai ampliar seu quadro em Betim (MG) em 1 mil pessoas até maio, e a General Motors abrirá 1,5 mil postos na unidade de São Caetano do Sul (SP) ao longo dos próximos meses.
A GM já comunicou ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano de que em abril vai operar a 45 horas semanais. Neste mês, os funcionários cumpriram 41,5 horas semanais, segundo o sindicalista Francisco Nunes.
De acordo com números preliminares obtidos no mercado até sexta-feira, a média diária de licenciamentos de automóveis e comerciais leves está em 13,3 mil unidades, totalizando no período 267.640 unidades.
A previsão otimista das montadoras não é unânime. Para o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, a indústria automobilística brasileira dificilmente repetirá o desempenho de 2009, mesmo com os sinais positivos da economia, como a disponibilidade de crédito e a melhora do nível de emprego.
Para ele, o mercado interno deverá ficar estagnado ou crescer no máximo 5%. “Muita gente que ia trocar de carro este ano antecipou a troca para 2009, deslocando, assim, para aquele ano, parte do crescimento previsto para 2010”, diz.
Segundo Borges, um dos fatores que devem impedir melhores resultados da indústria é o aumento dos preços. “Daqui até o fim do ano os preços dos carros novos devem subir quase 10%, incluindo o repasse do IPI, reajuste do preço do aço – que pode chegar a 20% – e uma série de fatores que vão se refletir nos preços e certamente pesar contra o mercado.”
Em sua análise, o recorde de vendas neste mês é apenas em números absolutos, pois, descontada a sazonalidade típica desse período, os negócios estão estagnados nos níveis registrados desde outubro do ano passado.
“Esses níveis não são ruins, mas estão muito abaixo do que se verificava até setembro e outubro de 2009, quando a redução do IPI era plena”, diz.
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