Os técnicos do Ministério do Trabalho devem monitorar de perto os próximos saldos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) nos setores de alimentação, particularmente o de frigoríficos, para definir se há ou não necessidade de ampliação das parcelas do seguro-desemprego para os trabalhadores demitidos nessa área.
O monitoramento, de acordo com fontes do ministério, vai comparar os resultados de três meses, a começar de abril. O Caged registra mensalmente todas as demissões e contratações feitas no mercado formal. Essa mesma metodologia foi usada pelo ministério em janeiro, fevereiro e março para identificar os 42 setores da indústria que mais demitiram nesse período e para autorizar o pagamento de duas parcelas extras do seguro-desemprego a mais de 103 mil trabalhadores que haviam sido demitidos em dezembro de 2008 nesses setores.
Esse grupo de pessoas começou a receber o benefício extra no início de abril. Na semana passada, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, recebeu pedido de dirigentes das centrais sindicais e dos sindicatos ligados diretamente ao setor de alimentação para a ampliação do benefício e esclareceu que, para tomar essa decisão, era primeiro necessário o estudo mais apurado da situação.
O grande problema do governo é que o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), cujos recursos arcam com o pagamento do seguro-desemprego, tem capacidade financeira limitada para bancar aumento de gastos. Além disso, em fevereiro e março, o saldo geral do Caged voltou a ficar positivo, indicando uma pequena recuperação de alguns setores.
Ao comparar os próximos três meses, o governo pode ganhar tempo para que a economia melhore e o mercado de trabalho se recupere com mais vigor. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação (CNTA), Artur Bueno de Camargo, informou que foi entregue ao ministro uma planilha sobre a movimentação de demissões e contratações de trabalhadores pelos frigoríficos nos últimos seis meses.
De acordo com esses dados, há um saldo negativo de 36 mil postos de trabalho no setor e 32 empresas que comercializam carne fecharam as portas nesse período. A preocupação mundial com os casos identificados de gripe suína e seus possíveis reflexos no mercado internacional de carne suína são uma fonte adicional de apreensão dos sindicatos ligados ao setor.
Agência Estado