Durante a sessão plenária de quinta-feira, 6 de outubro, do 2º Congresso Internacional da IndustriALL Global Union, no Rio de Janeiro, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), Miguel Torres, foi escolhido para representar os trabalhadores brasileiros em uma atividade que manifestou a unidade dos dirigentes sindicais presentes ao evento em torno das bandeiras de luta da classe trabalhadora. Doze sindicalistas de vários países subiram ao palco da plenária e levantaram cartazes com as letras que formaram o slogan do Congresso: “A LUTA CONTINUA!”.
UAW – Miguel Torres também falou na tribuna da plenária e defendeu que os trabalhadores da fábrica da Nissan em Canton, no estado do Mississipi (EUA), tenham a liberdade de terem sindicato para representá-los e uniu suas mãos à do sindicalista de Ray Curry, da UAW (Sindicato dos Metalúrgicos dos Estados Unidos). “No Brasil, os trabalhadores da Nissan têm condições para se organizarem e serem representados por sindicatos, defendendo seus direitos e interesses. É incrível o que esta mesma empresa faz em Canton, nos Estados Unidos. Por isto, fizemos manifestações na sede da empresa aqui no Rio de Janeiro e nos jogos olímpicos para exigir que a Nissan respeite os direitos dos seus trabalhadores em todas as partes do mundo”.
Reuniões paralelas
O presidente da CNTM, Miguel Torres, participou de reunião com integrantes da delegação francesa (Frederic Sanchez, Boris Plazzi e Patrick da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos da França/FTM-CGT) para discutir a realização de um seminário em 2017, no Brasil, para tratar de assuntos referentes às multinacionais francesas instaladas no nosso País. Participaram Maurício Forte e Érlon, diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo; Carlos Albino e Pedro Celso Rosa, dirigentes da CNTM, e Paulo Pissinini, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba. Todos estes sindicalistas atuam junto a empresas francesas em suas bases, como Alstom e Renault, por exemplo.
Miguel Torres também se reuniu com Johann Horn, do IG-Metal da Alemanha; Helmut Lense e Teuta Krilić, da IndustriAll, e encaminhou denúncia com relação ao caso Prevent, que envolve as autopeças Fameq e Keiper, a Volks e outras. Ficou decidido que a CNTM/Força Sindical e a CNM/CUT vão enviar às entidades, por escrito, os detalhes desta questão que envolve a compra de empresas pelo grupo Prevent no Brasil, mexe com a produção e provoca desemprego, e que os dirigentes europeus vão estudar os casos denunciados e possíveis ações de solidariedade.
Mensagens dos participantes da CNTM
Ainda na quinta, 6, os debates focaram no plano de lutas da IndustriAll para o período 2016/2020, com destaque para a luta contra o trabalho precário no mundo todo, as políticas de gênero e a aprovação da cota de 40% de mulheres na estrutura da IndustriALL até 2020. Dirigentes metalúrgicos da base CNTM/Força Sindical usaram a tribuna para encaminhar propostas em defesa dos direitos da classe trabalhadora, pela renovação da frota de veículos no Brasil e pela inclusão da língua portuguesa como uma das línguas oficiais da IndustriAll.
Leninha: “Defendemos as políticas de gênero, para fortalecer os sindicatos nas lutas dos homens e das mulheres por sociedades mais justas, e a aprovação da cota de 40% de mulheres na estrutura da IndustriALL até 2020. A igualdade tem que prevalecer”.
Rodrigo de Morais: “Estamos indignados e não aceitamos as propostas em tramitação no Congresso Nacional que tiram direitos da classe trabalhadora. Defendemos a proposta da Renovação da Frota de Veículos para a geração de milhões de empregos na cadeia automotiva, medida que irá colaborar com a retomada do desenvolvimento econômico do Brasil, em contraponto à pauta capitalista. Viva a solidariedade global. Nem um direito a menos. Trabalhadores do mundo, uni-vos!”
Tito: “É preciso uma grande ação da IndustriAll para a inclusão da população negra. No Brasil, reforço nossa proposta de Renovação da Frota de Veículos, que gerará emprego, sustentabilidade e qualidade de vida. E reivindicamos que a IndustriAll adote a língua portuguesa como uma de suas línguas oficiais.”
Cristina: “O presidente Miguel Torres tem trabalhado de forma exemplar para o mundo do trabalho, pela inclusão de mulheres e jovens na direção do Sindicato e por uma aproximação maior com os trabalhadores, nas reuniões, assembleias e demais atividades sindicais, na conquista de mais sócios e no fortalecimento da luta contra as injustiças e a retirada de direitos.”
Adriano Lateri: “Nem o desemprego que atinge fortemente o setor metalúrgico, nem a crise são razões para o governo flexibilizar os direitos sociais, sindicais e trabalhistas. São graves as propostas que buscam reduzir direitos. Neste sentido, destacamos os protestos de 29 de setembro, assim como a proposta da CNTM, de renovação da frota para a geração de milhões de empregos, reciclagem e sustentabilidade. E que a IndustriALL entenda a importância de adotar a língua portuguesa”.
Sales: “Lutamos contra a concentração de renda e as injustiças sociais e para a informação e mobilização da classe operária, nesta luta por mais direitos e conquistas, e produzimos informativos que ajudam na organização sindical. Estamos aqui de novo para reivindicar que a IndustriAll colabore com a informação global da classe trabalhadora adotando em suas publicações e páginas na Internet a língua brasileira, para que os trabalhadores brasileiros tenham acesso a estas importantes mobilizações internacionais”.
Paulo Roberto (Sindicato dos Metalúrgicos do DF, Goiás e Tocantins): “É uma honra participar deste evento e dizer que lutamos contra a pressão do capital que causa instabilidade econômica e busca tirar direitos dos trabalhadores. Nossa melhor defesa, porém, é o ataque!”.
Everaldo (Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco): “O capital que se organiza globalmente, por intermédio de fusões e migração, não respeita culturas nem tem tratativas iguais para os trabalhadores com relação a salários, benefícios, condições de trabalho e de saúde. Nossa estratégia, então, é fortalecer a luta global dos trabalhadores e as ações dos sindicatos através das redes sindicais, enfrentando o trabalho precário e as desigualdades, e colaborando com a formação de nossos dirigentes no enfrentamento destas difíceis relações de trabalho”.
Paulo Roberto Pissinini (Metalúrgicos da Grande Curitiba): “Há empresas que lá fora são uma beleza, mas aqui são uma maldição. A Bosch, por exemplo, aqui é um câncer. A Samarco causou em Minas Gerais um dos maiores desatres ambientais e humanos do planeta terra. Mas estamos na luta contra o ataque aos direitos dos trabalhadores e não aceitaremos nem um direito a menos, pois juntos somos fortes. Gostaríamos também que a IndustriALL adote definitamente a língua portuguesa como uma de suas línguas oficiais”.
IndustriALL – Fundada em 2012, a IndustriALL conta com mais 600 sindicatos filiados em 140 países, representando 50 milhões de trabalhadores, e defende a solidaridade mundial na luta por melhores condições de trabajo e direitos sindicais no mundo todo. A IndustriALL é a fusão de sindicatos internacionais: Federação Internacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (FITIM), Federação Internacional dos Sindicatos de Trabalhadores dos setores de Química, Energia, Minas e Indústrias Diversas (ICEM) e Federação Internacional dos Trabalhadores dos setores Têxtil, Vestuário e Couro (FITTVC).