Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Na abertura do 2º Congresso da IndustriAll, no Rio de Janeiro, o presidente da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos), Miguel Torres, destacou que o principal desafio do movimento sindical unificado no Brasil é lutar pela manutenção dos direitos trabalhistas, sindicais, previdenciários e sociais da classe trabalhadora, contra as propostas anti-populares em tramitação no Congresso Nacional e pela retomada do desenvolvimento econômico.

“Defendemos também a solidariedade mundial entre todos os sindicatos e trabalhadores na luta permanente por justiça, liberdade e trabalho decente“, disse Miguel Torres para um público de mais de 1.600 participantes, dirigentes sindicais de todos os continentes. 

Mensagem de Miguel Torres:

“Estimadas companheiras e estimados companheiros,

É com alegria que recebemos as delegações representativas das trabalhadoras e trabalhadores industriais de todo o mundo no Rio de Janeiro para a realização do 2º Congresso do Sindicato Global Industriall.

A Força Sindical e a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) apoiaram com entusiasmo a constituição da Industriall em 2012, em Copenhagen. De lá para cá, temos acompanhado suas atividades, seu constante crescimento e fortalecimento. Nascida sob o signo da unidade – a Industriall é o resultado da unificação das antigas federações dos metalúrgicos, dos químicos e dos têxteis, vestuário e couro –, sua fundação foi uma resposta adequada e fundamental do movimento dos trabalhadores industriais para enfrentar a mundialização do capital e o recrudescimento da ofensiva global contra seus direitos sindicais, laborais e econômicos. 

Estamos conscientes de que será longo e difícil o caminho para garantir melhores condições de vida e trabalho para todos. A cada dia que passa fica mais evidente, seja no âmbito nacional, seja no internacional, a estratégia de vastos setores empresariais visando ampliar suas margens de lucro através da precarização das relações de trabalho, da legislação trabalhista e previdenciária e da imposição de crescentes limitações à atividade sindical, movimento que é vitaminado pelo atual quadro da crise econômica mundial, da estagnação do crescimento econômico, do aumento do desemprego e de ataques aos direitos democráticos dos povos e dos trabalhadores.

Sabemos que não há alternativa que não seja fortalecer nossos laços de solidariedade e a unidade de ação, ampliar a sindicalização e a organização sindical nas empresas, garantir o direito à negociação coletiva e ao estabelecimento de acordos/convênios que garantam salários dignos, proteção aos trabalhadores do trabalho precário, a redução da jornada de trabalho e o direito a um local de trabalho seguro e saudável.

A realização do 2º Congresso da Industriall no Rio de Janeiro coincide com a grave degradação do ambiente econômico do Brasil, com o aprofundamento da recessão e o aumento do desemprego o que, aliado à crise política vigente, complica sobremaneira a retomada do crescimento da economia e o desenvolvimento nacional.

Como acontece em outros cantos do mundo, tal conjuntura termina por destacar setores empresariais e políticos que, articuladamente, buscam jogar nas costas dos trabalhadores o custo do ajuste da economia. São inúmeras as propostas, ameaças e iniciativas governamentais, parlamentares e empresariais visando desmontar a legislação trabalhista e previdenciária, reduzir salários, limitar a abrangência da negociação e dos acordos coletivos, ampliar a jornada de trabalho dentre outras mazelas.

Para enfrentar tais iniciativas, as centrais sindicais e o conjunto do movimento sindical brasileiro tem desprendido um enorme esforço para, superando suas diferenças políticas e ideológicas, construir um projeto nacional de desenvolvimento calcado na retomada dos investimentos em infraestrutura, no incremento da produtividade, na geração de empregos de qualidade, no aumento da renda média, na garantia de educação pública e gratuita de qualidade, no fortalecimento da democracia e suas instituições, no ajuste e redirecionamento da política econômica e do regime fiscal para o crescimento econômico.

Em resumo, os trabalhadores não aceitarão perder direitos históricos conquistados com muita luta e sacrifício. A lógica do capital financeiro e do rentismo não atende às necessidades do Brasil e dos trabalhadores, pelo contrário, aprofunda a pobreza, o desemprego, diminui os salários e elimina direitos. Temos realizado grandes mobilizações unitárias em todo o país, paralisações, assembleias, passeatas e outras iniciativas sob o lema “Nenhum direito a menos!”.

É a partir desta posição de luta e unidade que saudamos todos os delegados participantes do 2º Congresso da Industriall. Temos certeza de que os trabalhos serão profícuos e que os debates travados e resoluções adotadas serão importantes armas dos trabalhadores de todo o mundo para melhor defender os direitos dos trabalhadores, consolidar e ampliar o poder sindical, enfrentar o capital mundial, lutar contra o trabalho precário e promover políticas industriais sustentáveis.

Recebam nossas calorosas saudações sindicais! 

Muito obrigado!”

Miguel Torres
Presidente da CNTM e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes
Vice-presidente da Força Sindical 

O evento contou também com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que falou após as mensagens do presidente da IndustriAll, Berthold Huber, de Miguel Torres (CNTM) e de Paulo Cayres (CNM), destacando sua biografia, as conquistas de seu governo como presidente da República em dois mandatos e os desafios atuais do movimento sindical brasileiro em defesa dos direitos da classe trabalhadora.
Lula, em um momento de seus discurso, salientou ao presidente da CNTM, Miguel Torres, a importância de os metatúrgicos estarem fortemente mobilizados. “A luta continua, pois só com luta os trabalhadores conseguem vitórias”.

Na quarta, 5 de outubro, começam, a partir das 9h00, as sessões plenárias do Congresso. 

O evento está sendo realizado no Centro de Convenções do Hotel Windsor Oceânico, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro (3 a 7 de outubro).

IndustriALL – Fundada em 2012, a IndustriALL conta com mais 600 sindicatos filiados em 140 países, representando 50 milhões de trabalhadores, e defende a solidaridade mundial na luta por melhores condições de trabajo e direitos sindicais no mundo todo. A IndustriALL é a fusão de sindicatos internacionais: Federação Internacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (FITIM), Federação Internacional dos Sindicatos de Trabalhadores dos setores de Química, Energia, Minas e Indústrias Diversas (ICEM) e Federação Internacional dos Trabalhadores dos setores Têxtil, Vestuáio e Couro (FITTVC).

Texto: Val Gomes (redação CNTM)
Fotos: Paulo Segura (Box Mídia TV) e IndustriALL