A grande mídia está muito longe de cumprir o seu papel constitucional. Entre as omissões dessa mídia eu aponto a falta de debates. Observe que, mesmo em programas de debate, muitas vezes são escaladas pessoas que defendem as mesmas ideias, impedindo o exercício do contraditório, que é um valor básico para a liberdade de expressão.
As rádios são mais democráticas. Mas as grandes emissoras de TV são verdadeiro deserto. Existe a manifestação de opiniões, por parte de apresentadores ou colunistas. Mas só deles. A parte que recebe a crítica raras vezes pode replicar e expor a sua versão.
Nos últimos anos, a grande mídia, liderada pela Rede Globo, usou e abusou das denúncias de corrupção, fazendo do denuncismo um verdadeiro esporte nacional. Nem sempre, porém, essa mesma imprensa teve o cuidado de apurar os fatos ou a honestidade de reconhecer seus erros.
No ano passado, após muito tempo sem o País ter legislação específica, a lei de imprensa foi restabelecida, assegurando direito de resposta. O que fizeram os grandes patrões da mídia? Correram ao Supremo Tribunal Federal pedindo a inconstitucionalidade desse direito.
A pequena imprensa, ou a mídia regional, é mais democrática e aberta a ideias. Eu poderia citar inúmeros casos. Vou falar de dois recentes. A Revista do Ciesp, 19ª edição, publica uma página de matéria onde exponho minhas propostas para Guarulhos, caso seja candidato a prefeito, pelo PDT.
Na segunda-feira, dia 16, tive espaço em outro veículo local, desta vez na TV Guarulhos, no programa comandado pelo jornalista Roberto Samuel. Ali, com outros pré-candidatos da cidade, travamos um debate respeitoso, e cada um pôde expor sua análise e suas propostas por uma Guarulhos melhor.
Este espaço aqui mesmo é outra demonstração efetiva da liberdade de expressão. O Guarulhos Hoje me concede oportunidade de publicar artigo em que expresso livremente meus pontos de vista. Não há imposição de tema ou qualquer restrição. Com frequência, outros veículos locais e regionais também me possibilitam falar e expor meu posicionamento.
Somos um País onde o nível educacional ainda está muito longe do ideal. Essa baixa escolaridade também nos faz ser um povo que pouco lê e pouco se instrui. Não digo que a grande mídia deva substituir essa lacuna. Mas é claro que poderia ser mais educativa, reservar maior tempo para a cultura e promover debates com regularidade. Isso ajudaria a elevar nosso padrão cívico e cidadão.
Observe: no governo petista, a grande mídia promovia um verdadeiro massacre. Agora, com o presidente interino, a cobertura ficou muito mais favorável. Não estou dizendo que os erros do petismo deveriam receber tratamento de compadre. O que eu digo, e espero, é o mesmo rigor com o atual presidente e todos os demais níveis de governo.
A parcialidade da mídia nunca fez, nem fará, bem à democracia.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região