“Reafirmamos nosso apoio à paralisação e às justas reivindicações dos caminhoneiros, mas repudiamos qualquer forma de intervenção militar sob o falso pretexto de conduzir o País à normalidade. Normal é lutar pelo desenvolvimento da democracia e por avanços nos direitos da classe trabalhadora e pelo bem-estar de toda a sociedade brasileira.
Consideramos o movimento dos transportadores justo e de vital importância por expor quanto nefasta é a política econômica imposta ao País e mostrar que não é possível conviver com uma a carga tributária que drena nossas economias, nosso trabalho, nossa produção e nossos empregos e inviabiliza qualquer esforço de retomada do crescimento.
O movimento mexeu com a vida do País. Forçou o governo a negociar a redução do preço do diesel, a redução dos pedágios para caminhões com eixo levantado (sem carga), que os reajustes do diesel passarão a ser mensais, a partir de agosto, e não diário, conforme a variação dos preços no mercado internacional. Mas e aí?Como serão os reajustes mensais? E os preços do gás de cozinha e da gasolina, que também são necessidades básicas que precisam ser atendidas? As pessoas vão precisar fazer greve e ir pra rua bater panela na porta do Palácio do Planalto?
A população vai continuar pagando os preços abusivos que refletem em cadeia nos demais produtos e serviços?Se a política de reajustes da Petrobras não mudar os problemas vão continuar.
A mídia divulgou que o Brasil perdeu R$ 3 bilhões somente em tributos com oito dias de greve. E quanto o Brasil já perdeu ao longo dos anos com o desperdício, os desvios, os privilégios, a carga tributária injusta, os juros abusivos, a saúde precária, as ferrovias e rodovias abandonadas etc.
A paralisação mostrou que o governo tem muito que negociar, para o bem do País e de forma democrática. Não pela intervenção militar e o risco da volta do arbítrio e do cerceamento da liberdade. Isso é o pior que poderia acontecer.
Somos cidadãos brasileiros cansados de ser maltratados. Somos pela negociação, sempre, não pela intervenção. Somos pelo direito do pleno exercício da nossa cidadania.
Temos o direito de ter direitos e de lutar livremente por eles! Viva a democracia!
Miguel Torres
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos), vice-presidente da Força Sindical e um dos coordenadores do movimento Brasil Metalúrgico