Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Metalúrgicos param Anchieta em protesto


Sindicalistas pretendem agendar reunião com o governo para montar defesa da indústria do País

Marcelo Rehder – O Estado de S.Paulo

Milhares de metalúrgicos das montadoras do ABC paulista e de várias fábricas da região e da capital do Estado fecharam uma faixa da Via Anchieta, em São Bernardo do Campo, ontem de manhã, para protestar contra o aumento das importações, que ameaçam o emprego e a indústria no Brasil.

Foi a primeira grande manifestação de trabalhadores desde o início de 2009, no epicentro da crise financeira mundial. Naquela época, os trabalhadores foram em passeata até a Anchieta para se manifestarem em favor do salário e contra o sumiço do crédito.

Segundo os sindicalistas, a manifestação reuniu cerca de 30 mil trabalhadores, entre os quilômetros 12,5 e 14,5 da pista da Anchieta sentido litoral. De acordo com a Polícia Militar, no entanto, o número foi bem menor, ao redor de 7 mil participantes.

O protesto foi organizado em conjunto pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Mogi das Cruzes e região, da Força Sindical. Para os sindicalistas, a crescente valorização do real frente ao dólar e o custo elevado de produção no País, representado pela pesada carga tributária e a infraestrutura deficiente, entre outros, roubam a competitividade do produto brasileiro.

Não é à toa que, em setores onde a disputa com os importados é francamente desfavorável aos fabricantes brasileiros, não para de crescer o número de empresas que trocam a produção local pela importação ou até instalação de fábricas no exterior.

“Queremos chamar a atenção do País para a armadilha da desindustrialização”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre. “Não podemos ser a quinta economia do mundo exportando minério de ferro e depois importando máquina, carros e computadores.”

O sindicalista da CUT estima que o Brasil deverá importar algo como 1 milhão e de carros este ano. “As 700 mil unidades trazidas em 2010 impediram a abertura de 103 mil postos de trabalho no País”, afirmou Nobre.

O presidente do Sindicato de São Paulo, Miguel Torres, explicou que a ideia do movimento é agendar audiência com a presidente Dilma Rousseff para entregar ao governo um documento que reivindica investimentos em tecnologia e inovação, medidas para inibir as importações, redução de juros, investimento em qualificação profissional e outras ações que fortaleçam a produção nacional e os empregos. “Na verdade, o que queremos é que haja um fórum tripartite com participação de representantes do governo, trabalhadores e empresários, para montar um plano de substituição dessas importações que estão sendo feitas”, acrescentou Nobre.

A manifestação de ontem contrariou decisão da Justiça, que proibiu os sindicatos de realizarem manifestações nas imediações da Anchieta. A multa estipulada é de R$ 1 milhão por dia. “Não há necessidade de penalizar os trabalhadores por causa disso”, disse MiguelTorres.