Tiradentes esquartejado. Óleo sobre tela de Pedro Américo, 1893
Tiradentes
Joaquim José da Silva Xavier, dito o Tiradentes, patrono cívico da nação brasileira (Pombal, São João del Rei, MG 1746 – Rio de Janeiro RJ 1792).
Oriundo de família de pequenos fazendeiros de condição média, órfão aos 11 anos, não teve estudos regulares: foi educado pelo padrinho, que era cirurgião e clinicava.
Interessava-se pelas práticas de curativos, receita e dentista, o que lhe valeu o nome pelo qual ficou mais conhecido – o Tiradentes.
Tentou a mineração, sem êxito, e veio a ser técnico no conhecimento dos terrenos e na exploração dos seus recursos.
Foi tropeiro e comerciante. Soldado, não conseguiu fazer carreira, estacionando no posto de alferes, sempre preterido nas promoções.
No trabalho de patrulha dos caminhos, para garantir a ordem ou o ouro que se levava ao Rio de Janeiro, apregoava a emancipação brasileira, inspirado no exemplo da América do Norte.
Foi para o Rio de Janeiro em 1787 e voltou a Minas Gerais em agosto de 1788, após conhecer José Álvares Maciel, que reforçou seus ideais de liberdade. Em Minas Gerais reativou a pregação de que resultaria a Conjuração Mineira.
Um novo governador foi nomeado para a província e com ele vinha a derrama, a cobrança da enorme dívida de quase 600 arrobas, pelos quintos atrasados. A população não podia pagar, de modo que a propaganda contra a ordem estabelecida encontrou ambiente propício.
Tiradentes aproximou-se de Francisco de Paula e o seu círculo político, com militares, padres, comerciantes, fazendeiros, juristas e poetas, tornou-se cada vez maior, intensificando suas atividades sobretudo em janeiro e fevereiro de 1789.
Em 15 de março viria a denúncia, feita por um dos conspiradores, Joaquim Silvério dos Reis. Barbacena, novo governante, suspendeu a derrama, com o que tirou a principal força dos conspiradores.
Novamente no Rio de Janeiro, para mais articulações, Tiradentes foi seguido por espiões e não conseguiu voltar à capitania: escondeu-se em casa de um amigo, mas acabou sendo encontrado no dia 10 de maio de 1789. Ouvido pela primeira vez no dia 22, negou a conspiração, mas a 18 de janeiro de 1790, premido pelos depoimentos dos próprios conspiradores e por delações escritas, assumiu a responsabilidade pelo movimento e foi condenado à forca.
A rainha estabelecera que somente o principal responsável fosse sacrificado, comutando a pena dos demais. A 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro, cumpriu-se a sentença. Morto, seu corpo foi esquartejado e seus restos foram colocados nos principais pontos de sua pregação: a cabeça foi exposta em praça pública em Vila Rica.
Sua memória foi declarada infame, sua casa foi arrasada e depois salgada para que a terra não frutificasse. Só em 1867 foi erguido em Vila Rica monumento à sua memória. A República, porém, declarou Tiradentes herói e o 21 de abril, feriado nacional.
Fonte: Grande Larousse Cultural, editora Nova Cultural