Os metalúrgicos do 1º turno da WHB Fundição que chegaram nesta terça, 20, pela manhã, pra trabalhar tomaram um susto: plantados no portão da fábrica estava o pessoal dos clássicos filmes de terror, o Freddy Krueger, o Jason, o boneco Chucky, o Pânico, o Saw e como não poderia faltar, a Morte.
O motivo desse pessoal estar em peso em frente da fábrica era para protestar contra a concorrência desleal da WHB: a empresa está deixando esse pessoal no chinelo quando se trata de mutilar e matar. Somente esse ano, 34 trabalhadores da WHB já deram entrada no Departamento de Saúde e Segurança do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) apresentando algum tipo de doença do trabalho ou com algum acidente sofrido dentro da empresa.
Acidente e paralisação
O último e lastimável acidente aconteceu na última quinta-feira (15), quando o trabalhador Jeferson Wanderlei da Rocha teve o braço e a orelha amputados no setor de manutenção. Não se sabe ainda o que ocorreu, pois no momento do acidente, a vítima, que segue internada em estado grave na UTI do Hospital do Trabalhador, estava sozinha. O SMC acompanha a situação do metalúrgico. Dessa forma, para protestar contra o descaso da WHB com a segurança e exigir uma solução para os acidentes, os trabalhadores aderiram à paralisação de duas horas proposta pelo SMC em assembleia, em porta de fábrica, hoje (20) pela manhã.
Além de exigir mais segurança, o SMC já denunciou o caso para a Superintendência Regional do Trabalho (STRE/PR), o Ministério Público do Trabalho (MPT) e ao Comitê de Óbitos e Amputações, ligado a Secretária Estadual de Saúde do Paraná. O Sindicato pede, além da fiscalização dentro da empresa, também a responsabilização criminal e cível da WHB, já que o Sindicato já havia pedido, sem sucesso, um acompanhamento especial da empresa junto ao acidentado, que estava passando por um ano difícil devido à perda da mãe e ao envolvimento em um acidente de trânsito com vítima fatal acontecido recentemente.
Média é de um acidente grave por ano dentro da WHB nos últimos oito anos
Os acidentes na WHB Fundição são frequentes. Os graves chegam a incrível média de um por ano dentro da empresa nos últimos oito anos. Conheça alguns desses acidentes:
– Recém contratado para trabalhar na WHB Fundição, o funcionário Éder de Oliveira Pinto, de 19 anos, perde a vida ao cair em um buraco de aproximadamente 5 metros de profundidade. No local, estava sendo construída a nova linha de produção da fábrica. Logo depois do ocorrido, o Sindicato realiza um grande manifesto na entrada da empresa, em protesto pela morte do trabalhador.
– Menos de um mês após a morte de Éder, um outro trabalhador da WHB prende a mão na engrenagem de uma máquina e perde um dedo. A tragédia só não foi maior porque na hora em que a máquina estava puxando o metalúrgico, um colega de trabalho acionou o alerta e travou o equipamento.
– O trabalhador Vanderlei Aparecido de Marins, auxiliar de fundição, perdeu o braço direito ao realizar uma atividade de limpeza “não relacionada a seu método de trabalho” em um equipamento. Felizmente, o metalúrgico foi socorrido a tempo e teve o braço reimplantado.
– Contrariando o alerta dos trabalhadores, o supervisor manda aumentar em 300% a quantidade de cavaco. Resultado: o forno não aguenta a pressão e explode na cara do trabalhador do 2º turno, Eneias Rosa dos Santos, que sofre queimaduras de 2º graus por todo o corpo
– Supervisão manda funcionário fazer a limpeza de uma correia transportadora com o equipamento ligado. Resultado: a correia puxa o braço do trabalhador ocasionando a perda de todo o movimento do braço.
– Durante a montagem do novo barracão da Fundição, viga de concreto cai em cima de trabalhador terceirizado que morre dentro da empresa
– Eletricista foi fazer limpeza de uma subestação elétrica ligada. Resultado: Houve fechamento de um arco elétrico e o trabalhador sofreu em grande parte do corpo queimaduras de 2º 3º grau]
Para ver mais fotos do protesto acesse o Facebook do SMC.