Com a presença de técnicos do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a Federação dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro promoveu na última sexta feira (6), às 10h, reunião dos Sindicatos dos Metalúrgicos do estado para discutir os efeitos da crise socioeconômica brasileira. O encontro aconteceu no auditório da entidade, que reabre as portas pela primeira vez aos trabalhadores e dirigentes sindicais, depois de reforma iniciada em dezembro passado. Em pauta, estratégias de defesa da classe trabalhadora, que enfrenta mudanças em direitos trabalhistas que lhe impõem perdas, além de demissões em massa.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campos e Região, João Cunha, planeja promover passeata na Rodovia BR-101, em Campos, em protesto contra 400 demissões já anunciadas para este mês pelo Consórcio Integra, que presta serviços ao Complexo Portuário do Açu, em São João da Barra. A Integra Offshore é composta pela antiga OSX e a Mendes Júnior. Se a empresa fundada por Eike Batista está em recuperação judicial e tem uma dívida bilionária, a Mendes Junior foi citada na Operação Lava Jato e bloqueada para prestação de serviços à Petrobras.
João Cunha explicou que a manifestação tem como objetivo chamar a atenção da população e do governo para a grave crise que, mais uma vez, atinge a indústria naval brasileira. “Na Federação, pensamos em definir a data para realização da passeata em Campos, que sairá da Igreja do Sacro, no Parque Leopoldina, até o Trevo do Índio, na entrada da cidade. Vamos, também, entrar com um dissídio coletivo de natureza jurídica em favor dos trabalhadores [demitidos]”, anunciou Cunha.
Segundo o presidente dos Metalúrgicos de Campos, a Petrobras, em virtude do escândalo da Operação Lava Jato, vem buscando empresas estrangeiras para realização de obras e, com isso, a indústria nacional está quebrando. “As dispensas não ocorrem só no Açu, mas também na Refinaria de Abreu e Lima, em Ipojuca (PE), no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, e em todas as demais empresas que prestam serviço para a Petrobras, direta ou indiretamente”, resumiu João Cunha.
Já o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Macaé, Clemar Paschoal de Melo, afirmou que a situação em sua região, que já era ruim, vem piorando cada vez mais. “Nós registrávamos de 30 a 50 rescisões por mês, até meados do ano passado. Quando começou a crise na Petrobras, entre setembro, outubro, a média subiu para cerca de 300 homologações/mês. E a tendência é aumentar ainda mais. Macaé cresceu prestando serviços para a Petrobras. Toda a economia do município está em risco”, analisou Clemar. Leia carta aberta à população, divulgada pelas centrais sindicais.
Debate prossegue com reunião em São Paulo
entre CNTM e Federações filadas
As conclusões da reunião na Federação dos Metalúrgicos do RJ serão debatidas em novo encontro, na quarta-feira, 11 de fevereiro, às 9h00, na Federação dos Metalúrgicos de SP, em São Paulo (Rua Pará, 66). Esta reunião, promovida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos/CNTM, contará com as presenças dos presidentes das nove Federações filiadas, que levarão suas demandas específicas à Confederação.