Um grupo de cerca de 50 dirigentes sindicais metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes chegou bem cedo ao Hospital das Clínicas, em São Paulo, na terça, 22 de setembro, para fazer uma doação de sangue coletiva ao Hemocentro da Fundação Pró-Sangue. Os voluntários passaram por uma triagem e, à medida que eram sendo chamados, se dirigiam para a sala de coleta, com espírito de solidariedade e o pensamento em tantas pessoas que estão com sérios problemas de saúde.
A ação solidária marcou o início da Campanha Salarial Unificada dos metalúrgicos da Força Sindical no Estado de São Paulo que nesta terça fizeram a entrega da Pauta de Reivindicações da categoria à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e demais grupos patronais – G 2 (máquinas e eletroeletrônicos), G 10 (Fiesp), G 19-3 (trefilação, iluminação, materiais ferrosos, equipamentos ferroviários etc.), Estamparia e Fundição.
“Os trabalhadores têm um sentimento em comum, que é a solidariedade. Decidimos pela doação para ajudar o banco de sangue e para mostrar à sociedade que mesmo em momento de crise, em que as pessoas estão preocupadas com tantas questões, podemos fazer alguma coisa pelo outro. Pretendemos manter a campanha de doação por pelo menos um ano, estender para o Interior e envolver outras categorias e sindicatos”, afirmou Miguel Torres, presidente do Sindicato, CNTM e Força Sindical, que também fez a doação.
Ato na Fiesp
Terminada a doação de sangue, dirigentes e assessores do Sindicato foram para a porta da Fiesp, na Avenida Paulista, 1.313, onde se juntaram a outros manifestantes para o ato de entrega da pauta de reivindicações.
De cima do carro de som, o secretário-geral do Sindicato, Arakém, que também doou sangue, disse que “a campanha salarial vai ser difícil, em função da crise, mas vamos pra cima buscar o nosso aumento salarial. Queremos dinheiro no bolso dos trabalhadores, para que eles possam consumir, melhorar a produção. Com luta, unidos, vamos conquistar”, afirmou.
Após a oficialização da entrega da pauta aos representantes dos grupos patronais, Miguel Torres disse que todos estão vivendo um momento difícil, mas, por mais difícil que possa parecer, a pauta de reivindicações é uma pauta social e que espera chegar a um acordo até o dia 31 de outubro, véspera da data-base para o reajuste salarial.
“A questão que vai pegar é o aumento salarial, mas quanto mais dinheiro na economia, melhor para o país, melhor para os empresários e melhor para os trabalhadores. Temos que trabalhar juntos para enfrentar o aumento de impostos, estamos juntos para defender a indústria, mas na hora do embate defendemos o salário e o emprego dos trabalhadores”, afirmou Miguel, que completou: “ Os empresários dizem que não vão pagar o pato (do aumento de impostos), mas nós (trabalhadores) também não vamos pagar”.
Cláudio Magrão, presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de SP, disse que as partes sempre tiveram habilidade para fazer uma boa negociação e que quando os empresários precisaram dos trabalhadores para enfrentar o governo, “sempre estivemos do lado de vocês, passamos por várias recessões, mas nunca deixamos de ter aumento salarial.”
Mobilização
Miguel Torres anunciou que o Sindicato vai promover manifestações de mobilização nos bairros da capital, na Grande São Paulo e no Interior, à medida que as negociações forem acontecendo, para pressionar pelo atendimento da pauta, que tem como reivindicações básicas o aumento real, valorização dos pisos, manutenção das cláusulas sociais, entre outras. “A indústria está em dificuldades, mas não podemos encolher e não reivindicar”, afirmou.
Campanha unificada
A campanha tem como slogan “Contra a crise, + salários, + empregos” e é unificada; envolve 54 sindicatos de metalúrgicos do Estado, filiados à Federação dos Metalúrgicos do Estado e à Força Sindical. Juntos, eles representam cerca de 750 mil trabalhadores, com data-base em 1º de novembro.