29/08/2011 – 20h44
Folha.com
ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA
DE SÃO PAULO
Funcionários da fábrica da Renault em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba) fecharam nesta segunda-feira um “pacotão” salarial para os próximos três anos, que prevê ganhos reais de até 20% no período.
Considerando o que será pago de bônus e participação nos lucros (R$ 61,5 mil até 2013), o incremento na renda anual (sem descontar a inflação) do trabalhador será de até 60%, calcula o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Segundo o instituto, esse é o maior acordo salarial da história já fechado no Brasil.
Além do reajuste salarial, o “pacotão” da Renault inclui benefícios como bônus de até R$ 6.000, PLR de R$ 18 mil em 2013 e reajuste de até 10% no piso dos funcionários. Sindicato e empresa, agora, só devem voltar a negociar em 2014.
A empresa tem cerca de 5.700 funcionários.
O acordo veio após um semestre de relações conturbadas entre montadoras e metalúrgicos no Paraná, com greve na Volkswagen e paralisações na Volvo durante negociação da PLR (Participação nos Lucros e Resultados).
“As empresas perceberam que não vale a pena dificultar as negociações, e sim buscar uma forma de torná-las mais objetivas, para não perder competitividade”, diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka, em referência à greve da Volks, que durou 37 dias.
“As montadoras querem economizar tempo nas discussões com os trabalhadores, que têm sido demoradas, difíceis”, afirma Butka.
Para a Renault, o acordo “é a garantia de uma produção estável, sem interrupções”, e traz vantagens para ambos os lados.
A fórmula é a mesma usada pelos metalúrgicos do ABC, em São Paulo, que fecharam no último sábado (27) reajuste salarial para dois anos, e pela própria Volkswagen no Paraná –que, para encerrar a greve este ano, fechou um acordo amplo, com reajuste salarial, abonos e PLR de 2012.
Para o economista Cid Cordeiro, do Dieese, acordos de prazos dilatados devem se estender a outras categorias.
“Ele permite previsibilidade de custos pela empresa, que pode se planejar melhor”, afirma. “Os trabalhadores, desde que se assegure aumento real, aceitam.”