Em assembleia nesta quarta-feira, às 14h, trabalhadores denunciam pressão, humilhação e ameaças por parte da multinacional
Os metalúrgicos da Bosch, localizada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), devem cruzar os braços na tarde desta quarta-feira (28) em repúdio ao assédio moral que vem sofrendo por parte da empresa. Nos últimos dias, época de campanha salarial da categoria, aumentaram os casos de pressão, humilhação e ameaças aos trabalhadores, segundo denúncias recebidas pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC).
Durante a assembleia desta quarta, os metalúrgicos relatarão quais são as práticas de intimidação que estão sofrendo por parte da multinacional alemã. Entre os casos mais incidentes estão ligações em tom ameaçador para as casas dos trabalhadores e reuniões correntes dentro da fábrica com coação aos metalúrgicos para que aceitem as propostas da empresa. A assembleia iniciará às 14hs, em frente a fábrica da Bosch.
Além disso, o Sindicato envia hoje para o coordenador geral do Comitê Mundial de Trabalhadores da Bosch, na Alemanha, Albert Löckle, que tem assento no Conselho Administrativo da empresa, denúncia relatando o assédio moral e a violação dos direitos humanos na planta de Curitiba/PR. A mesma denúncia foi enviada para o IGMetall, entidade sindical que representa os metalúrgicos na Alemanha, para o governador do Paraná, Beto Richa, e para o secretário estadual do Trabalho, Luiz Cláudio Romanelli.
Confira, abaixo o teor de ofício:
Curitiba, 27 de novembro de 2012.
Ofício nº 077/2012
REF: Denúncia de violação de Direitos Humanos na unidade da Bosch de Curitiba/PR, no Brasil
A/C: Sr. Alfred Löckle – Presidente da Comissão Geral de Trabalhadores da Bosch
Prezado senhor Alfred Löckle,
Relatamos, neste documento, resumo da situação vivida pelos trabalhadores da Bosch na unidade de Curitiba, estado do Paraná, no Brasil.
Os trabalhadores metalúrgicos, em número de 2.900, estão passando pela data-base, que é o mês de negociação de salários no Brasil.
Esse o momento no qual eles se reunem, debatem sobre suas demandas e abrem diálogo com a empresa, no sentido de buscar um justo meio para as questões apresentadas.
Entretanto, nos últimos anos, vem se intensificando de forma exponencial a prática, por parte da direção da Bosch Curitiba, do assédio moral contra os trabalhadores, no sentido de impedir que exerçam seu direito de organização e diálogo com a empresa, visando à imposição sumária e arbitrária de políticas da empresa, sem diálogo com os trabalhadores, em detrimento à saúde dos trabalhadores e à revelia da legislação brasileira.
Na prática, no dia a dia da planta, o assédio moral se dá de várias formas, dentre as quais destacamos:
1 – realização exaustiva de reuniões internas entre lideranças internas e trabalhadores, nas quais se exerce forte pressão no sentido de coagir os trabalhadores para que aceitem as diretivas da empresa, ainda que a contragosto, sem possibilidade de diálogo. As reuniões chegam a ocorrer em número de 6 (seis) a 7 (sete) por dia, chegando a durar, uma única reunião, mais de uma hora e trinta minutos, como registrado em 26/11/2012, no Setor CRM;
2 – impedimento dos trabalhadores de terem acesso aos informativos da entidade sindical legalmente constituída para a sua representação; perseguição de membros de diretores sindicais que os representa cerceamento da liberdade sindical;
3 – impedimento e cerceamento da livre faculdade de pensar, manifestar opinião e decidir durante as assembleias, ora infiltrando, nas assembleias, detentores de cargos de chefia (lideranças internas), para que policiem o comportamento de seus subordinados diretos, ora incentivando e coagindo os trabalhadores a não participarem das assembleias;
4 – contratação de centenas de seguranças particulares armados para “acompanhar” e “vigiar” as assembleias de trabalhadores, no intuito claro de instaurar, deliberadamente, um clima de terror e medo entre os cooperadores da planta;
5 – violação das normas legais que devem reger a Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (Cipa), em detrimento da segurança e saúde de todos os trabalhadores da unidade fabril.
Como conseqüência do quadro de assédio moral, é crescente o número de trabalhadores afastados vítimas de doenças ocupacionais, físicas e mentais, decorrentes diretamente da atividade profissional. Também é crescente o número de trabalhadores que optam por não se afastar e continuam a trabalhar doentes, em receio de perderem o trabalho, meio de sustento financeiro de suas famílias.
Considerando que as chefias da unidade fabril da Bosch em Curitiba não tomam nenhuma medida sem o consentimento do Sr. Daniel Korioth, Diretor Geral da unidade, deduz-se que ele empresta seu total apoio para tais medidas, que ferem a legislação brasileira.
Como co-responsáveis diretos por esta política estão os gerentes da planta, dentre os quais se destaca o Gerente de Recursos Humanos da Unidade Bosch de Curitiba/PR, Sr. Duílio Damaso.
Certos de podemos contar com sua compreensão e apoio, agradecemos deste já.
Sérgio Butka,
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba
Por Agência Confraria – Assessoria de Imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos
Nilton Oliveira e Gláucio Dias
www.simec.com.br