O Brasil empregava 2 milhões e 446 mil metalúrgicos em 2013, numa fase de crescimento do País. No ano passado, esse número caiu para 1,8 milhão – queda de 23,4%. “E o padrão salarial também piorou bastante”, afirma o economista Rodolfo Viana, que dirige a subseção do Dieese no Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região, na Grande São Paulo.
Nos quatro municípios da base territorial do Sindicato a situação é parecida, mas pior. Segundo Rodolfo Viana, o pico do emprego na região ocorreu em 2010, com 58.204 vagas formais. “Mas a situação só decaiu”, ele aponta. O economista lembra que, em 2016, a base registrava 38.250 empregos formais. A queda foi de 33%, ou seja, perda de 1/3 nos postos de trabalho. O ano de 2017 deu um pequeno suspiro, com 332 novas vagas. “Muito pouco, irrisório”, comenta o economista.
Salário – Outro problema apontado é a perda no valor do salário. “As novas vagas estão pagando menos, entre 75% e 80% do que a empresa pagava ao empregado dispensado”, ele observa. Rodolfo contabiliza que o arrocho – em torno de 22% – joga pra baixo a massa salarial. Em Guarulhos, a massa de salários na categoria chegou a R$ 169 milhões. Hoje, está em torno de R$ 140 milhões.
PLR – A recessão, além de cortar empregos e comprimir salários, reduz a Participação nos Lucros e/ou Resultados (PLR). Rodolfo Viana sintetiza: “Num ambiente de recessão e insegurança, a empresa não paga a PLR, adia o pagamento ou simplesmente rebaixa o valor, o que agrava a paralisia da economia”.
Saídas – O economista do Dieese não enxerga saídas fáceis. O governo Temer optou pelo arrocho, até porque, critica Rodolfo Viana, também travou investimentos públicos em setores básicos como saúde e educação.
Ele também aponta o gargalo dos juros altos. “A taxa Selic de 6,5% ao ano não tem base na economia real. Para empréstimos e cheque especial, há juros superiores a 340% ao ano. E as taxas bancárias (spreads) viraram uma importante fonte de receitas”, observa. Para Rodolfo Viana, “tudo isso conspira contra a recuperação da economia”.
Sindicalismo – A recessão, aliada à crise política, reduz a margem de manobras do sindicalismo. Diz Rodolfo: “Além da recessão, o movimento tem de enfrentar a lei trabalhista de Temer, que desmonta a CLT e ataca violentamente direitos e conquistas da classe trabalhadora”.
Saúde – Muitos dos trabalhadores demitidos tinham plano de saúde nas empresas, mas, desempregados, não conseguem pagar convênio médico. Muitos dos que entram no mercado não terão esse benefício, cortado ou suspenso pelo empregador. O resultado é aumento na procura pela rede pública de saúde. Porém, alerta o economista, “o governo congelou investimentos em saúde, deixando no abandono milhões de brasileiros”.
Brasil Metalúrgico – O movimento surgiu 2017, com o objetivo de fortalecer a luta dos metalúrgicos contra o processo de desindustrialização que se dissemina no País. O Movimento Brasil Metalúrgico unifica Sindicatos, Federações e Confederações contra o fim dos direitos dos trabalhadores.