Alta dada por Toyota e Honda foi a maior do setor até agora e representa 5% de aumento real
Para sindicato, negociação mostra que quem aceitou proposta menor errou; no PR, Volvo, Renault-Nissan e VW-Audi estão em greve
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Após um dia de greve, funcionários da Toyota, em Indaiatuba, e da Honda, em Sumaré, retomaram ontem o trabalho após aceitarem a proposta das duas montadoras de reajuste salarial de 10%, o maior negociado no setor.
O reajuste de 10% inclui 4,4% para repor a inflação acumulada nos últimos 12 meses e 5,35% de aumento real. A negociação foi feita diretamente entre os sindicalistas e a direção da Toyota e da Honda.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região, ligado à Intersindical (organização que reúne um grupo de sindicatos dissidentes da CUT), havia pedido 14,65% de reajuste. As montadoras ofereceram 6,53% -índice que foi aceito na semana passada por metalúrgicos do ABC e de outras regiões de São Paulo, como Taubaté e São Carlos. Nestas localidades, entretanto, os trabalhadores receberão também abono de R$ 1.500.
O índice de 6,53% foi proposto pela Sinfavea (sindicato das montadoras) -e inclui 4,4% de reajuste e 2% de aumento real.
Para o sindicato da categoria em Campinas, a elevação das vendas neste ano justifica o acordo. A Toyota e a Honda não quiseram se manifestar. “A aceitação dos 10% mostrou que os sindicatos que aceitaram proposta inferior estavam equivocados. Mesmo com a crise, houve até recorde de vendas em junho”, diz Jair dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas.
Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à CUT, rebate as críticas: “Fico feliz em saber que no interior [Campinas] o aumento real é maior. E tem de ser porque o salário médio das montadoras de lá [R$ 2.400 na produção] é inferior ao pago no ABC [R$ 3.450]. Sem dizer que o abono negociado aqui, de R$ 1.500, corresponde a mais 2% de reajuste, o que significa dizer que o metalúrgico do ABC terá um reajuste de 8,07%”.
Ele destaca que a negociação feita no ABC vale para todas as montadoras -de automóveis e fabricantes de ônibus e caminhões. “Scania e Mercedes passam por dificuldades, com queda nas exportações e retração nas vendas. Mesmo assim, optamos em garantir uma negociação setorial para manter os salários equilibrados. Quando se negocia por empresa, há espaço para aumentos maiores.”
No Paraná, os 2.600 trabalhadores da Volvo de Curitiba entraram ontem em greve. Com isso, o número de metalúrgicos em greve no Estado subiu para 11,1 mil -os 8.500 da Renault-Nissan e da Volkswagen-Audi estão parados há quase duas semanas.
Colaborou Agência Folha, em Curitiba