Karina Lignelli – Diário de SP
SÃO PAULO – Os 600 metalúrgicos da autopeças francesa Valeo (antiga Cibié), em Santo Amaro, decidem nesta quarta-feira, em assembleia, proposta de redução de 15% do salário e de um dia de jornada na semana, durante três meses. A medida, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, será para evitar demissões na fábrica.
O acordo também prevê estabilidade de 45 dias após o término e, em caso de recuperação do setor, será interrompido. A informação é do presidente do sindicato, Miguel Torres.
– Fecharemos com qualquer empresa que nos procure – desde que seja comprovada necessidade econômica que justifique o acordo – ressalta.
Em dezembro, a unidade da Valeo em Guarulhos, que produz sistemas de segurança automotivos, demitiu 227 trabalhadores durante o período de férias coletivas e sem negociação prévia com o sindicato. Ninguém da Valeo foi encontrado para comentar o caso.
Apesar de ser criticado pela maioria das centrais sindicais, o acordo que prevê redução de jornada com redução de salário já havia sido discutido pela Força Sindical e a Fiesp como alternativa contra demissões.
O presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, recuou e interrompeu as negociações após os patrões afirmarem que não haveria garantia de emprego, mesmo se os trabalhadores aceitassem flexibilizar os contratos de trabalho.
Em São José dos Campos, os metalúrgicos da Schrader queriam negociar redução de 20% de jornada e salário, devido às 60 demissões na fábrica. O sindicato entrou com ação no Ministério Público do Trabalho, alegando que os trabalhadores cederam por pressão interna.
Na base de Santo André foi cogitada a redução de salários e jornada em duas metalúrgicas.
– Isso só acontecerá em último caso, se for comprovado que a empresa está realmente mal das pernas – diz o dirigente sindical Sivaldo Silva Pereira.
