Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Mercado reage a BC e prevê juros maiores em 2013

Folha SP

MARIANA CARNEIRO

DE SÃO PAULO

A taxa de juros deve chegar a um dígito neste ano, como avisou o Banco Central na semana passada. Mas, afirmam economistas, são poucas as chances de que permaneça neste patamar.

Na ata da sua última reunião, divulgada na semana passada, os diretores do BC indicaram que é possível à economia brasileira conviver com taxas de juros mais baixas sem gerar inflação.

Cálculos feitos pela economista Silvia Matos, da FGV, mostram que a taxa de juros descontada a inflação (taxa real) saiu de uma média de 13,90% entre 2000 e 2003 para 5,89% nos últimos dois anos. Sinal de que houve uma mudança de patamar dos juros na economia brasileira.

A taxa real é a que efetivamente representa o custo das empresas ao investir e é o parâmetro para bancos emprestarem aos consumidores. A média dos países emergentes é algo entre 2% e 3%.

Em janeiro, a taxa real do Brasil está em torno de 4,5%, pouco mais alta do que a do final do ano, porém mais baixa do que a verificada em 2009, quando o BC levou os juros a inéditos 8,75%.

Naquela época, assim que a economia retomou o crescimento, os juros tiveram que ser elevados para conter a inflação. O temor é que isso também ocorra agora, entre o fim de 2012 e 2013.

Depois da ata, analistas revisaram para cima a estimativa para a taxa de juros no ano que vem. Segundo pesquisa Focus divulgada ontem, a previsão é que a taxa volte para 10,38%, depois de cair para 9,5% neste ano. Hoje, ela está em 10,5%.

Isso significa que os juros reais voltarão a superar 5% em 2013, o que para muitos economistas é o atual piso da taxa de juros de equilíbrio brasileira – patamar que não gera inflação alta e permite o crescimento econômico.

É preciso esclarecer que calcular este piso de juros não é preciso. Leva-se em conta supostos pontos de pressão que aumentam à medida que a economia cresce, como a falta de mão de obra. 

Para Gustavo Loyola, ex-diretor do BC e atual sócio da consultoria Tendências, a redução dos juros na última década é resultado de repetidos esforços de contenção de despesas públicas que levaram a um recuo na dívida do país. Menos endividado, o país pode pagar juros menores.

Entretanto, alerta, de nada adianta ter juros reais baixos e inflação mais elevada.

“No Brasil, controle de inflação significa cumprir a meta [de 4,5% para este ano]”, afirma. “Pode ser que [o BC] consiga baixar a um dígito, mas as chances de ter que subir os juros no ano que vem são grandes”, diz.

Já para Bráulio Borges, economista-chefe da consultoria LCA, é possível chegar aos 2% de juros reais almejados pelo governo, desde que se avance no corte de gastos públicos. “Vai depender da política fiscal se os juros vão subir em 2013”, afirma.